A morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, na noite de quarta-feira (18/5), no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), deve pautar o anúncio de novas medidas de segurança para o campus. A assessoria de imprensa da USP informou que nesta sexta-feira (20/5) ocorrerá uma reunião entre a reitoria, diretores de faculdades e de institutos, professores, discentes e funcionários para discutir a instalação de uma base da Polícia Militar no interior do campus.
Polêmica, a medida já foi discutida em outras ocasiões. A professora do Instituto de Física e vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Suzana Salem, acredita que “não foi a falta da PM no campus a responsável por esse triste acontecimento”. Ela ressaltou que a entidade lamenta o ocorrido e se solidariza com a família do estudante.
Para a docente, a polícia deve ser chamada sempre que forem detectados casos de roubos, assaltos ou qualquer outro tipo de crime, mas, segundo ela, “a instalação da PM na universidade não vai garantir que esse tipo de crime não ocorra”. Suzana sugere que a reitoria reforce a segurança com pessoas contratadas, por meio de concurso público, para a Guarda Universitária e que elas recebam formação adequada para atuar no Campus.
A assessoria de imprensa da FEA informou, ainda, que já está em andamento um processo de licitação para a instalação de catracas na entrada do prédio, a fim de controlar o acesso à faculdade.
Entre os estudantes
Na manhã desta quinta-feira, cerca de 500 estudantes da FEA realizaram um protesto em frente à unidade, que culminou na entrega de uma carta ao chefe de gabinete da reitoria da USP, Alberto Carlos Amadio, lamentando o ocorrido e exigindo mudanças em relação à segurança na Cidade Universitária, como melhoria dos pontos de iluminação e aumento do efetivo da guarda universitária.
A diretora do Centro Acadêmico da FEA, Maíra Madrid, afirma que o documento não fala na instalação de uma base policial na USP, mas que o assunto deve ser discutido entre todos os estudantes. Ela considera que algumas soluções adotadas recentemente pela FEA, como a instalação de câmeras e uma campanha de alerta aos estudantes, ajudaram a diminuir os casos de roubos no interior do edifício.
Segundo Maíra, “o problema está no controle realizado fora da unidade, pelo resto do campus”. Ela cita os casos de seqüestros relâmpagos que vinham acontecendo desde o início do ano letivo como exemplos da falta segurança.
O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Thiago Aguiar, avalia que “dificilmente a presença da polícia inibiria um acontecimento como esse”. Ele alerta para o problema que soluções para a segurança sejam anunciadas “sem um processo aprofundado de discussão e revisão do modelo atual com a comunidade universitária”.
“Lamentamos o que aconteceu e consideramos muito ruim que a universidade queira definir saídas fáceis e imediatas para um problema tão antigo. Medidas tomadas no calor dos acontecimentos servem apenas para escamotear um problema histórico da instituição em lidar com questões complexas”, declarou o estudante.
Ele citou a manutenção da iluminação e a poda de árvores como formas simples e de baixo custo para melhorar a segurança dentro da USP. “Não acreditamos que restringir o acesso ao campus vai garantir maior segurança. Pelo contrário, quanto mais aberto para o resto da cidade, quanto mais fluxo de pessoas houver, mais inibido será esse tipo de crime.”
* Publicado originalmente no Portal Aprendiz.