Política e religião: Papo de busão!
Kinji Loaba, 23 anos, é uma jovem de cabelo curto e bem trançados, paulistana, mãe do Vitor e militante do movimento negro. Ela viajou sentada na terceira fileira do ônibus Francielle, uma embarcação nada moderna, mas de preço acessível: cada passageiro pagou R$180 reais para viajar 3.600 quilômetros.
Kinji Loaba, 23 anos, é uma jovem de cabelo curto e bem trançados, paulistana, mãe do Vitor e militante do movimento negro. Ela viajou sentada na terceira fileira do ônibus Francielle, uma embarcação nada moderna, mas de preço acessível: cada passageiro pagou R$180 reais para viajar 3.600 quilômetros. A embarcação Francielle foi fretada por pessoas ligadas a diversos movimentos sociais. No ônibus as janelas ainda abrem e o ar é condicionado com o vento. Kinji viaja ao lado do esposo Douglas e atrás do filho do casal, Vitor, de três anos, que se divertiu com as pequenas histórias criadas por ele ao ver a paisagem que passa lá fora. Ao lado do pequeno viajou a matriarca da família, Dona Maria Agostina, 84 anos, bisavó de Vitor.
Kinji e toda a família pertencem à uma casa de terreiro de Candomblé. Eles vieram de São Paulo para o Fórum Social Temático, que acontece de 23 a 29 de janeiro, em Porto Alegre. Na bagagem trouxeram muitos sanduiches, água, leite para as crianças, macarrão instantâneo para o almoço e mil bituqueiras, um pequeno pote cilíndrico feito com material pré-pet para armazenar bitucas de cigarros. A família desenvolveu as “bituqueiras de bolsa” e eles vão ao Fórum apresentar e vender os exemplares confeccionados nos últimos meses.
Kinji também irá ministrar uma oficina chamada “Juventude do Povo de Terreiro”. Vai apresentar a jovens do Fórum Temático a pesquisa que desenvolveu sobre o movimento racial na África do Sul, nos EUA e no Brasil. Contar um pouco sobre o que estuda nos últimos anos: lições de Mandela, o Apartheid na Africa do Sul e o ativismo de Luther King.
A jovem acredita que suas lições sobre a história e filosofia do movimento negro podem contribuir para que outros da sua geração possam se posicionar politicamente.
Junto com os pais, que também estão em Porto Alegre, ela planeja realizar uma ação dentro da favela Farrapos. A família vai orientar a confecção de placas e “emplacar” as ruas da favela. “Só quem mora numa favela sabe a dificuldade que é você não poder receber uma carta ou uma conta em casa porque não possui um endereço de correspondência”, justifica Kinji.
Esta é a missão de Kinji no Fórum Social Temático 2012 e na vida: passar adiante o conhecimento que adiquiriu com os livros, filmes e debates dos quais participa. São 18 horas de viagem e uma semana de trabalho intenso pela frente. Boa sorte Kinji! (Envolverde)




