A revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) divulgou, no dia 18 de julho, um estudo que afirma que níveis elevados de poluentes orgânicos persistentes (POPs) na placenta estão associados ao nascimento de crianças com problemas neurológicos graves.
Pesquisadores chineses analisaram os níveis de POPs em 80 placentas de fetos e bebês que nasceram com problemas no tubo neural – principal doença relacionada aos poluentes orgânicos, segundo o estudo. Ao comparar com 50 placentas de crianças saudáveis, foi detectado que a presença de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (um tipo de POP) aumenta em até 4,5 vezes o risco destes danos neurológicos.
Outro produto altamente tóxico encontrado na placenta de algumas mulheres grávidas foi o inseticida DDT, banido da China em 1983. A presença da substância comprova como é difícil eliminar do ambiente os POPs, após sua liberação, afirmaram os cientistas.
Acordo internacional
O Brasil e outros 151 países são signatários da Convenção de Estocolmo, tratado internacional elaborado para eliminar a produção e o uso de 12 POPs, apontou a diretora da organização não governamental Toxisphera, Zuleica Nycz.
Em 2010, outras nove substâncias foram adicionadas à lista da Convenção, porém não foram realizadas inspeções para garantir a não utilização dos POPs. “Normalmente, o governo proíbe alguns produtos, como o agrotóxico endosulfan, mas não realiza uma vigilância ativa, muito mais difícil, para verificar a emissão de POPs em incineradores de lixo, por exemplo”, frisou Zuleica.
A diretora da organização citou que há um projeto em andamento da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-Fiocruz), que tem como objetivo analisar a presença dos POPs no leite materno.
POPs
Os POPS reúnem três características principais: após décadas de interrupção da produção permanecem no ambiente; são bioacumulativos (concentram-se rápido e são excretados devagar); e podem ser conduzidos por ventos ou correntes marítimas para regiões bem distantes de onde foram produzidos.
Com informações do Estadão.
* Publicado orginalmente no site EcoD.