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População mundial chegará a sete bilhões em outubro

Nova York, Estados Unidos, 11/7/2011 – A Organização das Nações Unidas comemora hoje o Dia Mundial da População tendo como marco uma projeção preocupante: o número de habitantes do planeta chegará aos sete bilhões em outubro. Segundo as previsões, algumas das nações mais pobres do mundo duplicarão sua população na próxima década, e em 2020 se chegaria aos oito bilhões de habitantes em todo o mundo. O diretor-executivo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Babatunde Osotimehin, disse à IPS que sete bilhões representam um desafio, uma oportunidade e um chamado à ação.

Neste Dia Mundial da População está sendo lançada a campanha “Sete bilhões de ações”. “Se tentará conscientizar a população sobre o que significa viver em um mundo com sete bilhões de pessoas, e também adotar ações em assuntos que afetam a todos nós”, acrescentou Osotimehin. Juntos “podemos forjar o futuro com os jovens, promover os direitos dos adolescentes e das mulheres e salvaguardar os recursos naturais dos quais todos dependemos”, ressaltou.

As previsões são de que o crescimento populacional terá um efeito devastador em cerca de 215 milhões de mulheres que desejam mas não têm acesso a saúde reprodutiva de qualidade, nem a serviços de planejamento familiar. A diretora-executiva de Mulheres e População, da Fundação das Nações Unidas, Tamara Kreinin, disse à IPS que “com a população mundial destinada a cruzar a marca dos sete bilhões de pessoas em outubro deste ano, e a continuar crescendo mais nas próximas décadas, esta necessidade insatisfeita somente aumentará”.

Kreinin destacou que a qualidade da disponibilidade dos serviços de planejamento familiar é fundamental para interromper o ciclo intergerações de pobreza e criar comunidades mais fortes e estáveis. Investir em programas voluntários de planejamento familiar dá às mulheres ferramentas para tomarem decisões sobre o número de filhos que desejam ter e o espaço entre cada gravidez. Kreinin garantiu que, atendendo a necessidade de planejamento familiar, haverá uma queda de 32% nas mortes maternas e redução de 10% na mortalidade infantil.

No entanto, Osotimehin disse às IPS que proteger a saúde reprodutiva e os direitos das mulheres é “fundamental para nosso futuro coletivo e o desenvolvimento sustentável. E acrescentou: “Juntos podemos atender necessidades de aproximadamente 215 milhões de mulheres em países em desenvolvimento, que querem planejar e espaçar as gestações, mas não têm acesso a métodos modernos de anticoncepção. Juntos podemos prevenir a morte de mil mulheres por dia em decorrência de complicações na gravidez e no parto”.

Osotimehin afirmou ainda que é uma oportunidade de investir nos 1,8 bilhões de adolescentes e jovens entre dez e 24 anos que há no mundo. Eles constituem mais de um quarto da população mundial, e quase 90% deles vivem em países em desenvolvimento. “Cada jovem merece educação, incluindo a sexual, e acesso a serviços de saúde completos”, afirmou. Com as políticas adequadas, os investimentos e o apoio social, os jovens pode ter vidas mais sãs, livres da pobreza, e com possibilidades de paz e estabilidade, acrescentou.

“Por ser a população mais conectada, os jovens já estão transformando a sociedade, a política, a cultura. Envolvendo mais ativamente as mulheres e os jovens poderemos construir um futuro melhor para todas as gerações”, ressaltou Osotimehin. Os cinco países mais populosos do mundo são China (1,3 bilhão), Índia (1,2 bilhão), Estados Unidos (310,2 milhões), Indonésia (242,9 milhões) e Brasil (201,1 milhões).

Um novo estudo, intitulado “A multiplicação demográfica da África”, apresentado no mês passado pelo Centro de Pesquisa Global, revela que a população desse continente mais que triplicou durante a segunda metade do Século 20, passando de 230 milhões para 811 milhões. Como consequência, a África se tornou mais populosa do que a Europa. A Nigéria, o país mais habitado do continente africano, com 158 milhões de pessoas, crescerá para 730 milhões até o final do século, superando a população total europeia, projetada em 675 milhões. Atualmente, a Nigéria é a única nação africana com população que excede os cem milhões. No entanto, espera-se que outros dez países entrem para o clube antes de acabar o século: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Quênia, Malawi, Nigéria, Sudão, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.

Entretanto, José Miguel Guzmán, diretor da Divisão de População e Desenvolvimento do UNFPA, disse à IPS que a taxa global de crescimento populacional não é tão alta quanto foi no passado. A queda da fertilidade na maioria dos países colaborou para uma redução nas taxas de crescimento populacional. “Porém, se considerarmos os países menos avançados (PMA) ou a maioria das nações subsaarianas, a situação é bem diferente”, acrescentou. Na maioria desses países, a fertilidade ainda é alta e a taxa de crescimento também, afirmou Guzmán. Em alguns casos chega a 3% ao ano, o que significa que a população nessas áreas duplicará em 20 ou 25 anos.

Kreinin disse à IPS que em muitos países cada dólar investido em serviços de planejamento familiar voluntário economiza pelo menos outros quatro, gastos em tratamento de complicações em gravidez não desejada. Apesar dos baixos custos e dos muitos benefícios do planejamento familiar, os líderes mundiais ainda não o consideram uma prioridade na hora de decidir seus gastos. Os países emergentes investem em saúde reprodutiva cerca de metade do que prometeram na histórica Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, de 1994. Por outro lado, as nações industrializadas, incluindo os Estados Unidos, entregaram menos de um quarto do prometido, ressaltou Kreinin. Envolverde/IPS