Começou nesta segunda-feira, 8 de agosto, a Conferência Ethos 2011 que, este ano, traz novidades: o conteúdo foi estruturado com a participação de 35 organizações de vários segmentos da sociedade e as discussões abordam temas da “economia real”, que mexem com a vida cotidiana de todos os brasileiros e são estratégicos para a transição para uma nova economia, includente, verde e responsável. O tema é “Protagonistas da Nova Economia Rumo à Rio + 20”, e a programação abrange todos os assuntos estratégicos para o desenvolvimento sustentável, de governança a energia, passando por direitos humanos, infraestrutura, resíduos sólidos, integridade e educação, entre outros.
A importância do debate promovido pelo Ethos pode ser avaliada pela presença maciça de ministros: cinco deles vão participar, nos dois dias de Conferência, de mesas-redondas e painéis. Em entrevista, o vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, traça um panorama da Conferência.
O que esperar dos debates que vão até amanhã? Será possível apontar um caminho para a transição a uma nova economia?
Justamente porque deseja ser “protagonista da nova economia”, esta Conferência também traz outra novidade: vai recolher propostas dos participantes para compor dois documentos: um, com propostas nacionais, será entregue ao governo federal; outro, de cunho internacional, será apresentado durante a Rio + 20, que acontecerá em junho de 2012.
A intenção é recolher todas as propostas feitas. Para dar conta desta tarefa, a Conferência conta com o suporte da SAP. A companhia desenvolveu um sistema especial que armazena todas as propostas em um servidor. O participante que tiver alguma proposta vai até um dos totens espalhados pela Fecomércio, onde se realiza o evento, digita sua proposta no computador, salva e pronto: ela está arquivada e será analisada quando o documento for elaborado. Depois do fim da Conferência, as propostas poderão ser feitas via site do Instituto Ethos (www.ethos.org.br).
Ao final da plenária de abertura, pela manhã, já houve propostas sendo feitas a partir do tema discutido: “Nova economia, includente, verde e responsável”. Com a moderação de Ricardo Abramovay, representantes das seis empresas parceiras do Ethos expuseram suas visões a respeito dos avanços e gargalos dos diversos setores da economia. Esta plenária serviu de “introdução” aos diversos temas que serão desenvolvidos nas próximas atividades da Conferência. As empresas parceiras do Ethos são Alcoa, CPFL Energia, Natura, Suzano, Vale e Walmart.
Na parte da tarde, estão ocorrendo três mesas-redondas, debatendo três assuntos estratégicos para o desenvolvimento sustentável no país e no mundo também.
Nessa primeira parte, as mesas têm três ou quatro representantes de setores sociais que apresentam seus pontos de vista sobre o tema da atividade. Em seguida, outros três ou quatro representantes de outros setores dialogam sobre as ideias trazidas na primeira parte e tentam encontrar propostas comuns para os desafios reconhecidos.
Na outra parte da tarde, a partir das 16h30, haverá painéis temáticos, nos quais três ou quatro especialistas de um tema expõem suas ideias sobre as estratégias para fazer avançar o assunto tratado no rumo da sustentabilidade.
Há dois ministros participando das atividades de hoje.
Na mesa-redonda 1, o tema é “Governança na nova eocnomia” e lá está presente Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, que discute, com seis interlocutores, sobre as mudanças que se fazem necessárias para desenvolver uma economia includente, verde e responsável; quais os avanços que já podem reconhecidos nessa direção; quais os gargalos que devem ser transpostos; e quais as propostas e sugestões para a construção de uma agenda de transição com vistas às mudanças desejadas. Os palestrantes desta mesa são Daniela Mariuzzo, do Rabobank; Odilon Faccio, do Instituto Primeiro Plano; Aron Belinky, da ISO 26000; e Carlos Eduardo Lessa Brandão, da GRI.
O ministro Gilberto Carvalho, Chico Whitaker, do Fórum Social Mundial, e Gilberto Mifano, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, fazem o diálogo com as ideias apresentadas. O moderador é Oded Grajew, presidente emérito do Instituto Ethos.
No painel temático 2, sobre Direitos Humanos, participa a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Ela faz um balanço sobre os avanços havidos no tema e os gargalos que devem ser transpostos, além de comentar as propostas de sua pasta para a construção de uma agenda de transição para uma economia verde, includente e responsável. Também participam do painel José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares; Juliana Gomes Ramalho Monteiro, do Grupo de Trabalho Empresas e Direitos Humanos; Liesel Filgueiras, da Vale; e, como moderador, Antonio Jacinto Mathias, da Fundação Itaú Social e do Instituto Itaú Cultural.
Outros destaques deste primeiro dia são as duas mesas-redondas 2 e 3.
Na mesa-redonda 2, discute-se o tema “Novos padrões de produção e consumo para a sustentabilidade” , com a presença de Samyra Crespo, representando o Ministério do Meio Ambiente, para discutir o tema sob o ponto de vista do Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentável. Estarão com ela representantes do Dieese, do Idec, do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), do Núcleo de Estudo do Futuro da PUC-SP, do Instituto Akatu e do Walmart Brasil.
Na mesa-redonda 3, com o tema “Inovação para a Sustentabilidade”, vão ser discutidos novos modelos de negócio, novos formatos de financiamento da inovação, o potencial brasileiro para a inovação tecnológica e as políticas públicas de fomento à inovação. É bom ressaltar que o relatório da Unesco sobre Ciência, divulgado em novembro de 2010, afirma que, se o Brasil continuar a avançar em inovação na velocidade que vem apresentando na última década, levará 20 anos para chegar ao estágio de hoje dos países europeus. E que, para alcançar a OCDE, o investimento privado em P&D precisaria crescer dos atuais US$ 9,5 bilhões para US$ 33 bilhões. Estão presentes Ricardo Correa Martins, da Fundação Nacional da Qualidade; Claudio Boechat, da Fundação Dom Cabral; Carlos Alberto dos Santos, do Sebrae; e Sérgio Mindlin, presidente do Conselho Deliberativo do Ethos, como moderador.
Nos painéis, as discussões serão sobre os impactos de um novo Código Florestal, o financiamento da nova economia, matriz energética e fontes renováveis no Brasil.
Amanhã (terça-feira, 9 de agosto), teremos as presenças de mais três ministros:
– Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, para discutir as mudanças climáticas e os impactos na nova economia;
– Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, para debater o papel das empresas no estímulo ao empreendedorismo e na ampliação de oportunidades de trabalho e renda para o público do programa Brasil sem Miséria.
– Jorge Hage, da Controladoria Geral da União, para participar do painel Integridade e Transparência que vai tratar das políticas públicas e dos principais mecanismos utilizados pela sociedade civil para aumentar a transparência no Estado, nas práticas empresariais e no combate à corrupção.
Também haverá painéis sobre Biodiversidade, Cidades Sustentáveis, Educação, Empregos Verdes, Gestão da Água, Infraestrutura e Resíduos Sólidos.
Para encerrar o evento, uma grande plenária sobre a Rio+20, que vai refletir sobre as principais propostas feitas durante as várias atividades da Conferência. A partir dessas propostas, serão elaboradas as recomendações que vão constituir um documento dos participantes e parceiros da Conferência, endereçado à Rio+20.
Serão dois dias de muitos debates e de um mergulho profundo dos grandes temas estratégicos da economia brasileira. Há assunto para vários programas.
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