E se nas eleições não fossem permitidos votos nulos e brancos? Um estudo mostra que eleitores partidários e políticos superestimam o silêncio – neste caso, a abstenção – sempre a seu favor. Todos os grupos sempre se acham favorecidos.
“Não eleitores são um grupo visto de forma ambígua”, diz o autor do estudo, Namkje Koudenburg, da Universidade de Groningen, na Holanda. “E essa ambiguidade permite que eleitores e políticos exagerem a influência ou o tamanho desses eleitores e os benefícios para seu próprio grupo político e social”, explica.
O estudo envolveu eleitores holandeses em duas etapas. Na primeira, após as eleições municipais de 2010, Koudenburg e sua equipe entrevistaram cerca de 120 eleitores. As perguntas se referiam às eleições parlamentares que aconteceriam em três meses. Os pesquisadores queriam saber primeiro a estimativa de votos que os eleitores esperavam para seu partido e, caso os votos nulos e brancos não fossem permitidos, como ficariam esses números.
Os resultados mostraram que aqueles mais envolvidos com seus partidos acreditavam que a proibição poderia ser positiva e estimavam que o apoio à sua base seria maior, em média, de 17%.
A segunda etapa foi realizada mais próximo das eleições parlamentares. Novamente foi perguntado sobre a estimativa que os eleitores faziam caso os eleitores em dúvida não pudessem se abster. Mais uma vez, a porcentagem foi superestimada, mesmo quando os pesquisadores apresentaram dados reais de intenção de votos mostrando o contrário. E a estimativa foi maior entre eleitores filiados a algum partido.
“As pessoas querem validar suas opiniões e também promover o sucesso de seu partido, o que implica convencer os outros de que suas crenças representam a maioria”, diz o autor. Para ele, a dúvida é se estes exageros são estratégias conscientes ou inconscientes, no sentido de promover o sucesso de seu partido.
Com informações da Association for Psychological Science.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.