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Rebeldes assumem atentado em Damasco

Doha, Catar, 16/8/2012 – O principal grupo rebelde da Síria assumiu a responsabilidade por uma série de explosões no centro de Damasco, perto do hotel em que se hospedava a missão observadora da Organização das Nações Unidas (ONU). Abu al-Noor, porta-voz da Brigada Ahfad Al Rasoul, afirmou à rede de televisão árabe Al Jazeera que os atentados foram planejados há um mês. A Brigada integra o opositor Exército Livre da Síria (ELS). “A operação estava dirigida contra o comando central de segurança em resposta aos assassinatos cometidos pelas forças do regime em todo o país”, declarou o porta-voz em uma entrevista por telefone, de Damasco, na manhã de ontem.

A televisão estatal síria informou que a explosão, na área de Abu Remanih, foi causada por uma bomba colocada em um veículo que vendia combustível. Várias ambulâncias foram ao local e foi formado um cordão de segurança, segundo testemunhas. A emissora informou também que o ataque feriu pelo menos três pessoas, mas os rebeldes disseram suspeitar que “muitos” funcionários morreram ou ficaram feridos. O ELS colocou oito explosivos perto do Comando Central de Segurança do regime do presidente Bashar al Assad, programados para explodir durante a reunião diária dos altos chefes militares, informou Al-Noor.

O ELS tinha informação de inteligência indicando que cerca de 150 altos funcionários participariam da reunião. O porta-voz do grupo rebelde não especificou o número de baixas, explicando que as forças de segurança isolaram a área. “Continuaremos realizando operações semelhantes na capital até alcançarmos Assad no palácio presidencial”, acrescentou. Várias horas depois do atentado, ativistas de oposição disseram que os rebeldes enfrentaram as forças oficiais perto da sede do governo e da embaixada do Irã, na área de Mezze, na capital.

O vice-chanceler sírio, Faisal Mekdad, visitou o local do atentado e garantiu que nenhum funcionário da ONU ficou ferido. “Este é um ato criminoso que mostra o tipo de ataques aos quais a Síria é submetida”, afirmou. Contudo, assegurou que o governo não se vê afetado pelo atentado. “Confirmo que estamos do lado da ONU e que faremos tudo o que pudermos para garantir sua proteção, para que possa cumprir seu papel”, destacou.

O chefe da Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS), Babacar Gaye, havia concedido, no dia 13, uma entrevista coletiva no hotel próximo ao local do atentado. A Missão não estava disponível para comentários imediatamente depois do ataque. A explosão aconteceu quando se encontrava em Damasco a secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, mas, ao que parece, sua equipe se hospedava em outro hotel.

A correspondente da Al Jazeera em Beirute, Rula Amin, disse que a incursão do ELS no coração de Damasco é um sinal de que está ganhando confiança. “Se realmente for obra do Exército Livre da Síria, é um avanço para eles. O que chama a atenção é que se trata de uma área muito segura”, observou.

Ativistas disseram que a explosão foi ouvida em grande parte da cidade, e um vídeo divulgado por um grupo opositor mostrava uma grande coluna de fumaça. Um porta-voz em Damasco da rede Comitês de Coordenação Local, de ativistas opositores, disse à Al Jazeera que houve uma grande explosão seguida por outras menores. O parlamentar Shareef Shihada afirmou que o atentado deixou poucos feridos e não atingiu interesses militares. Damasco foi palco de vários atentados com bombas nos últimos dias, incluindo um no mês passado, contra o aparato de segurança de Assad, no qual morreram três altos funcionários.

O Conselho de Segurança da ONU tem previsto se reunir hoje para discutir o futuro da UNSMIS, cujo mandato termina no dia 19. Na frente diplomática, o secretário de Defesa norte-americano, Leon Panetta, acusou o Irã de ter promovido milícias pró-governamentais na Síria. Por sua vez, o Irã acusou os Estados Unidos e seus aliados de intervirem no conflito a favor da oposição a Assad. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.