Estudo feito para grandes investidores mostra que estratégias de redução das emissões de carbono têm alta taxa de retorno em prazo relativamente curto.
Estudo do “Carbon Disclosure Project” (CDP), o programa de transparência para emissões de carbono, para orientação de 551 investidores com patrimônio em ações da ordem de US$71 trilhões, entrevistou as 500 maiores empresas globais sobre suas estratégias para mudança climática. Os resultados, com respostas de 404 das 500, mostram que as empresas líderes em desempenho em estratégia de carbono deram retorno equivalente ao dobro da média do conjunto das 500 maiores empresas. O estudo atende aos interesses e avaliações de grandes investidores, como empresas seguradoras, fundos de pensão, fundos institucionais, bancos, bancos de investimento e financeiras especializadas em ações de empresas (private equities).
Pelas respostas das empresas, no período de janeiro de 2005 a maio de 2011, as companhias do Índice dos Líderes em Transparência sobre Carbono (CDLI) em 2011, apresentaram um retorno médio total de 82,44% e as do Índice de Líderes no Desempenho na Redução do Carbono (CPLI) também para 2011, retorno médio de 85,72%, o dobro do retorno gerado pelas 500 maiores empresas globais, que foi de 42,71%.
Outro interessante resultado da pesquisa é que 74% (294) das “Global 500” relataram ter metas quantitativas absolutas de reduções de emissões ou intensidade de carbono. Em 2010 65% (250) haviam relatado metas quantitativas absolutas de redução. Segundo o CDP isso indica que as maiores empresas do mundo estão cada vez mais entendendo a necessidade e os benefícios de acelerar as ações para redução de emissões.
Outra tendência interessante, mas que considero mais discutível, é que 68% (269) das companhias disseram que estão integrando iniciativas em relação à mudança climática em suas estratégias gerais de negócios, um crescimento expressivo sobre os 48% (187) que disseram o mesmo em 2010. A maioria (93%, 368) dos que responderam em 2011 indica responsabilidade do conselho de administração ou do CEO pelo programa de mudança climática da empresa. Em 2010, 85% (328) indicaram essa responsabilidade do nível hierárquico máximo. Aparentemente a tendência das grandes empresas já é de conectar a estratégia para mudança climática com a estratégia central de negócios.
Considero mais discutível, por duas razões principais. A primeira é que o resultado é autoindicado, sem verificação e monitoramento independentes. Segundo, porque as evidências de que as estratégias de negócios e gestão da cadeia de suprimentos já estão associadas a uma estratégia para mudança climática, com metas mensuráveis e relatórios monitorados e verificáveis não indicam essa abrangência no universo das grandes empresas. De qualquer forma é um avanço e irá fixando a noção de que estratégias para mudança climática geram valor para as empresas, seus acionistas e seus “stakeholders”.
Outros resultados interessantes do estudo são:
59% das atividades de redução de emissões medidas e reportadas pelas Global 500 têm um período médio de amortização de 3 anos ou menos, e 41% têm período de amortização superior a três anos.
65% (259) das 500 maiores empresas globais relataram que dão incentivos monetários para suas equipes de gestão de questões relativas à mudança climática, contra 49% (188) em 2010.
45% (178) das empresas do estudo obtiveram reduções de emissões em parte ou em todos os seus negócios a partir de medidas específicas.
* Publicado originalmente no site Ecopolítica.