A queda pela metade da expansão da energia nuclear mundial depois do desastre de Fukushima, no Japão, aumentará o crescimento global das emissões de dióxido de carbono (CO2) em 30% até 2035, alertou na quarta-feira, 15 de junho, a Agência Internacional de Energia (AIE).
Em maio, a AIE advertiu que a meta política para limitar as mudanças climáticas a níveis mais seguros não foi alcançada, uma vez que as emissões globais aumentaram quase 6% em 2010 em relação ao ano interior.
Governos de todo o mundo concordaram em 2010 em limitar o aquecimento para menos de 2 graus acima dos níveis pré-industriais, mas o mundo deverá superar esse nível de emissão de carbono, estimou a agência, que aconselha 28 economias industrializadas sobre energia.
Uma redução do crescimento da energia nuclear tornaria a tarefa ainda mais difícil, observou Fatih Birol, economista-chefe da AIE. “Acreditamos que esse aumento enorme nas emissões, somado à perspectiva desanimadora para a energia nuclear, tornará a meta de 2 graus muito, muito difícil de ser alcançada”, acrescentou à Reuters.
“O crescimento nas emissões de CO2 proveniente da geração de eletricidade entre agora e 2035 será cerca de 30% maior do que poderia ser. Isso é o equivalente a quase 500 milhões de toneladas de emissões adicionais de CO2 anualmente até 2035”, comparou Birol.
As emissões de CO2 ultrapassaram os 30 bilhões de toneladas no ano passado, batendo um novo recorde e ficando um pouco abaixo da quantia estimada por Birol como consistente com a nova meta de aquecimento do mundo. O economista-chefe da AIE referia-se a um cenário onde o mundo acrescentasse outros 180 gigawatts (GW) de energia nuclear entre agora e 2035, em vez da previsão anterior de 360 gigawatts.
No mês passado, a Alemanha anunciou o plano de fechar todos os seus reatores nucleares até 2022. Os italianos votaram pela manutenção do banimento da energia nuclear na segunda-feira (13), por meio de um referendo fortemente influenciado pelo desastre de Fukushima, mas que também foi um forte voto político contra o primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
* Publicado originalmente no site EcoD.