Análise anual do Carbon Disclosure Project sobre as 500 maiores companhias do mundo revelou uma forte correlação entre alto desempenho financeiro e boa performance com a divulgação de informações relacionadas às mudanças do clima.
O relatório ‘Carbon Disclosure Project – Global 500’ divulgado anualmente pela instituição sem fins lucrativos Carbon Disclosure Project (CDP) em parceria com a PricewaterhouseCoopers, analisa as atividades de redução das emissões de dióxido de carbono das maiores empresas públicas da atualidade,.
Intitulado ‘Acelerando o crescimento de baixo carbono’, o relatório deste ano analisou informações provenientes de 396 empresas, revelando que as companhias incluídas nos índices ‘Carbon Disclosure Leadership Index (CDLI)’ e ‘Carbon Performance Leadership Index (CPLI)’ de 2011 têm o dobro da renda total média do Global 500 (FTSE Global Equity Index Series) entre janeiro de 2005 e maio de 2011.
O relatório fez uma correlação entre o melhor desempenho das empresas no mercado e a sua participação no CPLI e CDLI, ambos índices do CDP que visam identificar as empresas líderes na divulgação de suas informações, gerenciamento dos riscos e exposição ao carbono.
“Estamos constando os mais altos níveis de supervisão e engajamento da diretoria na estratégia de mudanças climáticas já vistos, com aumento significativo no incentivo monetário ligado ao alcance de metas. As empresas estão conectando ações de mudanças climáticas ao trabalho e carteira dos funcionários”, comemorou Alan McGill da divisão de sustentabilidade e mudanças climáticas da PwC.
Os números indicam que 93% das empresas do Global 500 têm como responsáveis das questões climáticas membros da diretoria ou executivos sênior e que 63% estão integrando as mudanças climáticas nas suas estratégias de negócios (versus 48% no ano passado).
“As empresas do Carbon Disclosure Leadership Index estão olhando a sua cadeia de fornecedores e o modelo de negócios, considerando como ampliar os negócios em um ambiente que se tornará cada vez mais restrito em recursos. Este é o tipo de pensamento que acelerará o crescimento de baixo carbono”, completou McGill.
Este ano, apenas 37% das empresas atenderam aos critérios do CDP para verificação do relato das emissões, uma queda de 23% em comparação ao ano passado causada pelo aumento da rigidez do CDP em relação a qualidade e confiabilidade das informações divulgadas.
Entre as dez empresas que demonstraram melhor desempenho nos índices de carbono estão Philips, BMW, Honda, Tesco, Bank of America, Westpac Banking Corporation, Bayer, Cisco, SAP e Sony. Apesar da ampliação a cada ano do número de signatários do CDP, algumas empresas não relataram suas emissões este ano, a maioria chinesas, além das norte-americanas Amazon.com, Apple e Berkshire Hathaway.
Metas de emissões
As empresas estão demonstrando cada vez mais engajamento na gestão das emissões de gases do efeito estufa, sendo que 74% das incluídas no Global 500 alegam ter metas de redução (versus 65% em 2010).
Certamente um incentivo para o alcance das metas é que 59% das atividades de redução das emissões têm um período de retorno financeiro de três anos ou até menos.
“As empresas do Global 500 relataram reduções de mais de 4% em 2010, o que é animador. As metas de emissões do IPCC poderiam ser alcançadas se todas empresas apresentassem níveis similares”, comentou Jonathan Grant, diretor da PwC sustentabilidade e mudanças climáticas.
O setor de energia apresentou a menor proporção de empresas com metas (55%) e o setor de consumo, a maior (94%).
Preocupações
Os diferentes setores empresariais analisados demonstram preocupações relacionadas aos impactos das mudanças climáticas nas políticas, comportamento e disponibilidade de recursos.
As empresas de energia citam temores relacionados ao impacto de eventos climáticos extremos na infraestrutura e de mudanças na regulamentação fiscal dos combustíveis e energia.
Já as empresas de varejo e bens de consumo focam suas reflexões nos impactos climáticos sobre a cadeia de fornecimento e mudanças no comportamento dos consumidores.
“Muitos enfatizam a transição em direção ao crescente mercado para produtos sustentáveis, produzidos localmente e de baixo carbono”, explica Jonathan.
Brasil
Onze empresas brasileiras compõe o Global 500, sendo que dez delas responderam ao CDP. Quanto à participação nos índices de carbono, apenas uma empresa brasileira, a VALE, participa do CDLI e nenhuma do CPLI.
O CDP é uma organização sem fins lucrativos que possui a maior base de dados mundial com informações primárias corporativas sobre mudanças climáticas e água. Atualmente cerca de três mil organizações ao redor do globo medem e divulgam informações nestas áreas através do CPD.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.