Relatório revela descaso com a educação indígena
Em 2010 foram registrados 16 casos de falta de assistência na área de educação indígena em comunidades localizadas em dez estados brasileiros.
Em 2010 foram registrados 16 casos de falta de assistência na área de educação indígena em comunidades localizadas em dez estados brasileiros. É o que demonstram os dados do relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil”, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), sob a coordenação da antropóloga da PUC-SP, Lúcia Rangel, e divulgado esta semana.
Segundo o documento, os problemas na educação indígena vão desde a falta de transporte e merenda escolar, passando por ausência de professores indígenas e material didático especializado, até a inexistência de escolas e infraestrutura adequada para os estudos.
O levantamento, realizado nos estados do Acre, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rondônia, Roraima e Sergipe, aponta que esse quadro afeta hoje cerca de 1.292 crianças e adolescentes.
Além dos problemas já citados, os povos afirmam que não há respeito pelos projetos pedagógicos elaborados por eles, que a situação do professor indígena continua irregular em muitos estados, e que há constante desvio de recursos da educação para outros fins.
Um exemplo do vem ocorrendo em algumas regiões, segundo o relatório, é a comunidade Yanomami. Em 2009, cerca de 15 escolas não foram incluídas no Censo Escolar, o que as impediu de receber recursos para o material didático, merenda escolar e para o funcionamento das escolas no ano seguinte.
De acordo com Lídia Montanha Castro, coordenadora do projeto de educação do Intituto Socioambiental (ISA), a exclusão dessas escolas se deu pelo pouco tempo para o cadastramento e pela não aceitação de particularidades ligadas à tradição dos povos indígenas.
Nessas comunidades, explica Lídia, “os rituais se sobrepõem ao calendário formal. Por isso, a educação existente não consegue se encaixar nos 200 dias letivos exigidos na educação formal. A educação Yanomami também não é seriada, como o Censo exige, e essa exigência só faz com que as séries sejam forjadas, sem corresponder à realidade”, conclui a coordenadora.
Mortalidade Infantil
A publicação “Violência contra os Povos Indígenas” também destaca o aumento de 513% na taxa de mortalidade infantil, se comparado a 2009. Para o Conselho Indigenista Missionário, os altos índices de morte na infância são um reflexo da falta de políticas públicas voltadas para a saúde dos indígenas.
* Publicado originalmente no Portal Aprendiz.




