Renováveis responderam por 20% da geração em 2010

Por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil

Contando com hidrelétricas, as energias renováveis chegaram a 1,320GW no ano passado, uma alta de 8% com relação a 2009, e foram também responsáveis por aproximadamente metade da nova capacidade de geração instalada no planeta.

Parece mesmo que a era das energias renováveis está chegando rapidamente: para onde se olha existem novos dados que comprovam que os países estão cada vez mais interessados em desenvolver esse tipo de tecnologia.

Na semana passada foi o PNUMA que apontou que os investimentos em renováveis aumentaram 32%, chegando a US$ 211 bilhões. Na segunda-feira, outro estudo importante, o “Global Wind Energy Outlook”, trouxe informações demonstrando que o setor eólico cresceu 22% em 2010.

Agora é a vez do Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (REN21), uma entidade criada para acelerar a transição para as energias renováveis, apresentar o seu balanço do ano passado, o “2011 Global Status Report”.

Segundo o relatório, as fontes renováveis, contando a hidrelétrica, alcançaram a marca de 1,320GW em geração, praticamente 20% do total mundial. A projeção para este ano é de que essa porcentagem já ultrapasse os 25%, demonstrando um crescimento muito rápido. Se forem desconsideradas as hidroelétricas, a geração renovável é de 312GW.

“Os investimentos em renováveis vêm aumentando mesmo em períodos de crise econômica. Hoje, mais pessoas do que nunca antes acreditam na capacidade desse tipo de energia. Com isso, os preços estão caindo e a participação no mercado aumentando”, afirmou Mohamed El-Ashry, presidente do REN21.

Em todas as tecnologias foi registrada uma queda nos custos de produção de equipamentos e na geração, assim como um crescimento na capacidade instalada. Em 2010, as renováveis responderam por aproximadamente metade dos 194GW instalados no planeta.

O cenário político também está favorável, com ao menos 119 países apresentando algum tipo de meta ou ação para as energias renováveis, e com todos eles possuindo projetos em andamento que irão expandir a utilização desse tipo de eletricidade.

A China consolidou sua liderança como grande investidora nas fontes renováveis, ocupando o primeiro lugar no ranking em diversas tecnologias, como turbinas eólicas, sistemas térmicos solares e produção hidrelétrica. Um total de 29 GW foi conectado a rede chinesa no ano passado, 12% a mais do que em 2009. As renováveis já respondem por 26% da geração do país.

A Alemanha aparece como um outro grande pólo, com 11% do seu consumo final sendo atendido por fontes renováveis. A eólica responde por 36% da geração, seguida por biomassa, hidrelétrica e painéis solares. O anúncio de que o país deixará de utilizar usinas nucleares deve impulsionar ainda mais o setor de energia limpa.

Diversas nações europeias também possuem percentagens significativas de sua demanda sendo atendida por energias limpas. Apenas a eólica é responsável por 22% do mercado da Dinamarca, 21% de Portugal, 15,4% da Espanha e 10,1% da Irlanda.

Já os Estados Unidos estão ficando um pouco para trás, com as renováveis produzindo 10,9% da geração total, enquanto a energia nuclear ocupa 11,3%. Porém, pela primeira vez o país ultrapassou o Brasil como o maior exportador de etanol mundial.

O relatório destaca o Brasil quando os assuntos são hidrelétricas e biocombustíveis. Apesar de ter perdido espaço no mercado para os EUA, a produção de etanol brasileira aumentou 7% em 2010, chegando a 28 bilhões de litros, um terço do total global. Em relação à geração via hidrelétricas, o país ocupa o terceiro lugar, ficando atrás da China e do Canadá.
O Brasil aparece ainda como o quinto no ranking em investimento em novas instalações de renováveis, em terceiro na quantidade já instalada (incluindo hidrelétricas) e em segundo na geração por biomassa e na produção de biodiesel.

O relatório aponta que as políticas públicas seguem sendo a principal força por trás do crescimento das renováveis, apesar de ainda ser sentida a falta de medidas de longo prazo que assegurem estabilidade e segurança para os investidores privados.

Mas os governos já perceberam o potencial desse setor para oxigenar a economia e criar novos postos de trabalho. Globalmente, mais de 3,5 milhões de empregos diretos estão ligados à indústria das energias renováveis.

O REN21 destaca o interesse dos países em desenvolvimento pelas fontes limpas, o que demonstra que pode ser possível que essas nações cresçam de uma forma mais sustentável do que as atuais potências ricas.

“É uma tendência encorajadora, já que a demanda que mais cresce é justamente em países como China, Índia e Brasil. Assim, as pessoas que estão começando a ter acesso aos serviços básicos de energia já o estão fazendo diretamente com fontes mais limpas do que o carvão ou petróleo”, conclui Mohamed El-Ashry

* Publicado originalmnete no site CarbonoBrasil.

(CarbonoBrasil)