Revelação do diagnóstico de Síndrome de Down exige cautela
Desconhecimento sobre a doença pode levar a comportamentos agressivos. O nascimento de qualquer bebê muda a rotina da família independente de o recém-nascido ser portador ou não de alguma doença. Entretanto, no caso de uma criança com Síndrome de Down, alguns cuidados são mais exigidos em decorrência das particularidades da patologia.
Desconhecimento sobre a doença pode levar a comportamentos agressivos.
O nascimento de qualquer bebê muda a rotina da família independente de o recém-nascido ser portador ou não de alguma doença. Entretanto, no caso de uma criança com Síndrome de Down, alguns cuidados são mais exigidos em decorrência das particularidades da patologia. O processo de desenvolvimento deste filho estará vinculado às condições que a família propiciar a ele. Integrá-lo às rotinas da família estimulando o portador a exercitar as atividades da vida cotidiana é essencial.
Em alguns casos, a notícia de que o filho é portador de Síndrome de Down pode deixar os pais frustrados, um comportamento que pode atingir a criança, pois a personalidade dela está diretamente relacionada à estrutura familiar, social e cultural na qual está imposta. “Inicialmente, os pais tendem a desconsiderar a condição orgânica para o surgimento da Síndrome e assumem uma culpa fantasiosa. Ter informações e amparo das equipes de saúde facilita a remissão de sentimentos de culpa e tristeza”, afirma Tiago Lupoli, psicólogo da Associação Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Diadema, São Paulo.
O processo de revelação do diagnóstico da Síndrome deve ser conduzido por profissionais capacitados e realizado com responsabilidade, cautela e preparo prévio, tendo embasamento teórico-prático para que a notícia possa ser aceita e elaborada no caminho mais natural possível, tendo dúvidas esclarecidas com a finalidade de passar segurança aos pais envolvidos.
Como um reflexo da sua fantasia sobre as limitações individuais deste filho, os pais costumam se queixar da responsabilidade de cuidar e da incógnita de como a criança vai se desenvolver socialmente. “Estes pais podem se enfraquecer psiquicamente não resistindo a frustrações a que comumente resistiriam. Em decorrência, apresentam comportamentos de esquiva, de agressividade, de tristeza e dificuldade de manter relações sociais”, ressalta o especialista.
Falta de informação
O desconhecimento sobre a doença é o principal motivo para tais comportamentos. Poder refletir, aceitar e respeitar o espaço dos portadores na sociedade é o primeiro caminho para combater a falta de informação e seus reflexos. “Todo indivíduo é diferente fisicamente, psicologicamente e socialmente, independente de ser portador de alguma patologia ou não. Síndrome de Down não é contagioso, mas o preconceito sim. A criança percebe e sente o que está ao seu redor. Quanto mais próxima da sociedade ela estiver, melhor será sua condição de desenvolvimento intelectual e social”, diz Tiago Lupoli.
Os profissionais de saúde exercem um papel importante neste processo, pois vão entender a singularidade da criança, suas solicitações e necessidades, além de conduzir o cuidador às práticas de desenvolvimento com maior qualidade. Respeitar os limites do portador da doença e alimentar suas capacidades e potencialidades é fundamental para o desenvolvimento e personalidade do indivíduo.
Diagnóstico durante a gestação
Ainda há casos de famílias que escondem o diagnóstico de seu filho por causa do pré-julgamento. O preconceito é o motivo mais mencionado pelos pais, mas o sentimento de culpa ou frustração por gerar um filho com esta Síndrome está presente de forma inconsciente, representado no ato de esconder ou retardar a informação aos demais familiares e amigos. Atualmente existem formas avançadas de diagnosticar a doença ainda na gestação, porém, é muito comum que as famílias procurem outros profissionais e refaçam os exames para se assegurar do diagnóstico, sem contar o comportamento de recusa.
* Publicado originalmente no site Saúde em Pauta.




