Não foi ainda dessa vez que o Atlântico Sul tornou-se um santuário para as baleias. A proposta brasileira de criação do santuário entre a América do Sul e a África foi barrada por 21 países liderados pelo Japão, apesar dos 38 votos a favor, na segunda-feira, 2 de julho, durante a reunião anual da Comissão Baleeira Internacional (CBI), no Panamá. Eram necessários 75% dos votos para criar a área de proteção, mas o apoio favorável foi de 65%.
A proposta do Santuário foi apresentada pelo governo brasileiro em 1998, co-patrocinada pela Argentina e pelo Uruguai. A criação da reserva contou ainda com o apoio dos demais países latino-americanos e dos Estados Unidos. A resistência principal é do Japão, país que lidera a caça de baleias no mundo, aliados a países como a Islândia e Noruega, os últimos que também possuem essa “tradição”, e a Rússia.
Conservação
O Brasil aboliu a caça às baleias em 1985. O governo adotou uma postura protecionista após perceber que o turismo de observação é um negócio muito mais rentável e gerador de emprego do que a morte do mamífero marinho. Apesar disso, o Brasil não enviou representantes da área ambiental do governo para o encontro, levando os pesquisadores a criticar a escolha de diplomatas que, embora experientes, não conhecem a fundo a área.
No ano passado, quando a proposta foi retirada da votação, após o Japão e seus seguidores abandonarem a mesa de votação. O grupo foi acusado de ganhar tempo com adiamento da votação para comprar votos de países neutros. Na época, também faltaram representantes da área ambiental do governo brasileiro.
Segundo Vanessa Tossenberger, da organização ambiental Sociedade para a Conservação das Baleias e Golfinhos (WDCS, na sigla em inglês), os santuários auxiliam o desenvolvimento de pesquisas científicas e o apoio ao manejo sustentável, diminuindo a poluição marinha.
* Publicado originalmente no site EcoD.