Nisan usa bateria de carro elétrico Leaf para fornecer eletricidade à casa do proprietário do carro.
Carros elétricos e híbridos podem representar 15% do novo mercado de carros até 2020, a depender do preço do petróleo. Isto significa que em alguns lugares muitos veículos serão plugados na tomada simultaneamente após a volta para casa depois do trabalho para serem recarregados para o dia seguinte. A súbita demanda por energia que isto gerará, além do pico noturno, poderia colocar os pequenos transformadores que servem redes locais sob considerável pressão – possivelmente a ponto de causar blecautes.
De modo a dissuadir os donos de carros elétricos a recarregar seus veículos no horário de pico e encorajá-los a fazê-lo nas horas calmas da manhã, algumas companhias elétricas estão introduzindo um esquema de preços mais baixos nas horas fora do pico para carros elétricos. Muito melhor, argumenta Alex Rogers e seus colegas da Southampton University, na Inglaterra, que os proprietários de carros sejam representados em suas interações com o fornecedor de energia local por agentes que têm a capacidade de negociar acordos em seu nome. Estes agentes negociariam uns com os outros, e com a companhia elétrica, para cobrar aos carros de uma certa região do modo mais eficiente. A inovação é que os agentes que Rogers propõe que se contrate para a tarefa não são pessoas, mas programas de computador.
Tudo que um motorista precisaria fazer quando conectasse seu carro ao ponto de eletricidade numa noite é informar ao sistema, talvez por meio de um teclado, quando ele gostaria de dirigir o veículo novamente e a distância estimada do seu trajeto. As negociações então aconteceriam num sistema de computadores que ligaria todos os pontos locais de recarga de veículos.
Ao fim do dia, o programa poderia agir tanto como vendedor quanto como comprador. As baterias de carros estacionados poderiam, de acordo com alguns visionários, atuar como reservatórios acessíveis pelas companhias elétricas para amenizar picos e vales da demanda.
Um projeto que está sendo desenvolvido no Japão pela Nissan, a montadora de um carro elétrico chamado Leaf, pode ser o primeiro passo nessa direção. A ideia é empregar a bateria de um Leaf para fornecer eletricidade à casa do proprietário do carro. A Nissan espera que uma bateria totalmente carregada possa abastecer a residência média japonesa por dois dias, o que ajudaria deveras em casos de blecautes ocasionados por terremotos ou furacões, ambos comuns no Japão. Se tal ideia funcionar, estaríamos a um passo de poder abastecer a rede elétrica como um todo em troca de um desconto na conta de luz.
Tradução: Opinião e Notícia.
* Publicado originalmente pelo The Economist online e retirado do site Opinião e Notícia.