Movimentos sociais, estudantil e sindicatos de outras categorias apoiam a greve dos trabalhadores da educação.

Frei Gilvander ao lado de Beatriz Cerqueira, diretora sindical. Foto: Thais Ferraira

Cerca de quarenta entidades estão articuladas no apoio à greve dos professores, que conta com manifestações de solidariedade de intelectuais como Leonardo Boff, Frei Betto, Fernando Moraes e Luís Fernando Veríssimo.

Soniamara Maranho, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), conta que setores da classe trabalhadora perceberam a importância da greve, principalmente depois que o Estado tentou fragmentar, cooptar e criminalizar a categoria.

“Essa é uma categoria maciça e importante, são pessoas para quem entregamos nossos filhos. Se eles fossem derrotados, seria uma derrota para nós também dos movimentos sociais e sindicais. Queremos fazer da greve um fato político estadual e nacional, construir unidade, fortalecer o movimento”, afirma.

Segundo ela, a participação de outros setores no apoio às assembleias e atos dos trabalhadores da educação levou força e animou os grevistas. Renan de Carvalho dos Santos, do Levante Popular da Juventude, também participa da articulação junto a sindicatos, movimento estudantil e movimentos sociais. Sua organização ajuda no processo de agitação e propaganda. “Assim a gente atrai a juventude que muitas vezes não está acostumada a participar de mobilização”, conta. “A gente entende que essa briga dos professores é central para toda a sociedade. Mesmo o jovem que está sendo prejudicado pela greve, enxerga que é uma coisa maior, que ele tem que abrir mão do seu umbigo. A pauta da educação beneficia a todos”, completa.

Rede privada

Nilton de Souza, professor de matemática, milita no Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), que representa os docentes da rede privada, que também apoia a greve. Ele afirma que na rede particular há muitos problemas, como a superexploração e a exigência excessiva. “O professor é submetido a um ritmo de trabalho muito desgastado, que provoca muito estresse. A educação é um drama em todos os níveis. Dentro de pouco tempo ninguém vai mais se dispor a dar aula”, diz.

Perguntado se os alunos vão ficar prejudicados pelo tempo sem aula, ele afirma: “a luta da educação diz respeito a todo mundo. É preciso que os alunos e os pais saibam e tenham uma análise dessa situação, quem está causando os problemas e porque está acontecendo essa greve prolongada”. Sandra Xavier, de 16 anos, concorda: “nós precisamos é de uma boa educação e não essa vergonha que eles dizem ser educação. Minha escola não está em greve, mas me vejo no direito e no dever de apoiar meus colegas estudantes e professores”.

Laíson José dos Santos vendia pipoca para os grevistas. Ele tem um filho de oito anos, e acha ruim a criança ficar sem aulas. “Mas estou do lado dos professores. Eles não ganham direito para cuidar dos filhos da gente, é um absurdo.”

Paulo Henrique, da diretoria do Sind-UTE afirma que a unidade conquistada com outras categorias e movimentos é um ganho permanente. “Queremos continuar com essa força de organização solidária em outros movimentos da luta dos trabalhadores, dos movimentos sociais, que ultrapassa a categoria dos educadores”, pontua.

* De Belo Horizonte (MG).

** Publicado originalmente no site Brasil de Fato.