A justiça de Nova York ratificou sete acusações de caráter sexual contra o ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Kahn, e determinou uma fiança de um milhão de dólares em dinheiro para colocá-lo em prisão domiciliar, enquanto espera o julgamento. Ele também que terá que depositar perante os tribunais dos EUA um bônus de garantia para uma companhia seguradora no valor de US$ 5 milhões. Demissão de Strauss Kahn abre sucessão no órgão. Tradicionalmente, FMI é dirigido por um europeu, mas países emergentes estão questionando esse princípio.
Enquanto crescem os rumores de que a ministra de Finanças francesa, Christine Lagarde, é a favorita para substituir o demissionário Dominique Strauss Kahn à frente do FMI, a justiça de Nova York ratificou as acusações contra DSK e determinou uma fiança de um milhão de dólares em dinheiro. Ele também que terá que depositar perante os tribunais dos EUA um bônus de garantia para uma companhia seguradora no valor de US$ 5 milhões sobre uma propriedade sua ou de sua esposa, a jornalista Anne Sinclair. O agora ex-diretor do Fundo Monetário Internacional está sendo acusado de sete delitos de caráter sexual.
A chanceler alemã, Angela Merkel insistiu que o substituto de Strauss Kahn deve ser do velho continente. Merkel elogiou a demissão do banqueiro detido por suposto abuso sexual contra uma empregada de um hotel de Nova York: “A decisão do senhor Strauss-Kahn de renunciar ao cargo é importante e permite ao FMI recuperar sua capacidade de ação”.
A porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde, por sua vez, afirmou que o posto “é uma questão de responsabilidade da Europa”. No entanto, os Estados Unidos anunciaram oficialmente que esperam uma “sucessão rápida e aberta”.
Para a China, devem valer princípios de “justiça, transparência e méritos”, segundo afirmou a porta-voz do Ministério do Exterior, Jiang Yu, durante sua habitual coletiva à imprensa em Beijing. “Em princípio”, acrescentou, “nós acreditamos que os países emergentes e em desenvolvimento tem que estar representados nos postos chave”. Após as recentes reformas no FMI, a China obteve mais peso no organismo, como segunda maior economia do mundo.
O nome que soa forte é o da funcionária francesa Christine Lagarde. Sem mencionar a si mesma, ela afirmou que também prefere alguém da Europa para o posto. “Sou uma autêntica europeia e estou convencida de que a Europa é o caminho a seguir”, disse a jornalistas durante uma visita a um supermercado francês.
Um dos apoiadores de sua candidatura é o ministro do Transporte francês, Thierry Mariani: “Estou convencido de que é uma boa candidata. Fiz algumas viagens com ela para a Ásia. Fui capaz de verificar sua popularidade entre ministros de grandes países emergentes”, afirmou.
Dominique Strauss-Kahn renunciou, quarta-feira à noite, ao cargo de diretor gerente do FMI, quatro dias depois de ter sido detido e acusado por uma suposta agressão sexual a uma camareira de um hotel. O organismo publicou sua demissão e informou que o diretor gerente interino é John Lipsky, até aqui o número dois, antecipando que informará brevemente qual será o processo de escolha de seu sucessor.
Apesar de o Fundo manter a tradição de sempre ter um diretor gerente europeu -enquanto que o cargo de direção do Banco Mundial fica com os EUA -, os países emergentes questionam esse princípio. “Acreditamos que é algo natural trabalhar para que o cargo seja ocupado por um europeu, mas certamente a competência e não a nacionalidade deve ser o critério para a escolha do nome”, destacou a porta-voz dfa Comissão Europeia.
Pia Ahrenkilde considerou que a direção do FMI “é uma questão de responsabilidade da Europa, pelo fato de termos uma quota importante nesta instituição e sermos o maior contribuinte”.
* Tradução: Katarina Peixoto.
** Publicado originalmente pela Página/12 e retirado do site Agência Carta Maior.