Doha, Catar, 6/6/2013 – A conferência prevista para o final deste mês sobre a crise na Síria não acontecerá porque as duas partes do conflito não estão preparadas para isso, informou o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe a esse país do Oriente Médio, Lakhdar Brahimi. Ao falar ontem em Genebra, onde deveria acontecer essa reunião internacional, Brahimi disse que “as partes sírias não estão prontas… A oposição tem que preparar muito trabalho para esta conferência”.
O encontro era patrocinado por Estados Unidos e Rússia. Washington cuidou de convocar a oposição síria, enquanto Moscou convenceu o regime de Bashar Al Assad. “Ainda há muito trabalho a ser feito para realizar a conferência. Por esta razão, concluímos que não será possível realizá-la em junho”, informou o enviado da ONU. A reunião, conhecida como Genebra 2, será realizada no mês que vem, depois que funcionários russos e norte-americanos mantiverem uma série de conversações preparatórias. Brahimi presidirá a segunda rodada dessas conversações, no dia 25 deste mês.
Os líderes da oposição “precisam completar muito trabalho para participarem da conferência. Creio que estão trabalhando nisso, mas até estarem prontos só podemos esperar. Naturalmente, os cobrarei, pressionarei e ajudarei, mas, obviamente, a reunião não pode acontecer sem eles”, acrescentou Brahimi, destacando que a demora não é sinal de existirem “pontos de atrito” entre os organizadores.
Pouco antes de suas declarações, informes indicavam que funcionários russos, norte-americanos e da ONU, reunidos em Genebra, na Suíça, não conseguiam resolver diferenças sobre quem deveria participar da conferência. “A questão mais difícil é o círculo de participantes” das conversações, disse o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, segundo a agência de notícias Interfax. Gatilov também informou que será impossível celebrar a conferência este mês. “A questão é que a oposição síria, ao contrário do governo, não tomou a decisão fundamental sobre sua participação”, informou.
A ideia da Genebra 2 partiu dos Estados Unidos e da Rússia que, apesar de terem várias diferenças sobre a crise síria, acordaram em maio um plano para solucioná-la. “Genebra 2 não será mais uma reunião internacional sobre a Síria. O que se propõe são conversações cara a cara entre uma delegação da oposição e funcionários do regime sírio”, disse o editor da editoria de diplomacia da rede de televisão árabe Al Jazeera, James Bays. Envolverde/IPS
* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.