Comentário para o programa radiofônico do OI, 19/4/2011.
Reportagem na edição de terça-feira (19/4) da Folha de S.Paulo informa que o Brasil tem o mercado mais promissor do mundo para empresas geradoras de energia eólica. O texto anuncia que empreendimentos do setor já contam com investimentos no montante de R$ 25 bilhões e que a redução dos custos pode produzir brevemente uma expansão ainda maior dessa fonte de energia limpa.
O Estado de S.Paulo tem reportagem sobre iniciativas no setor de combustíveis alternativos, informando que um grupo espanhol pretende criar no Brasil uma gigante do agronegócio para produzir combustível vegetal. O Estadão publica, também, estudo realizado por uma rede mundial de empresas de pesquisa sobre o uso de energia nuclear em 47 países. Uma das conclusões revela que a maioria dos brasileiros é contra a geração nuclear de energia. São 54% contrários, entre os quais sete em cada dez se declaram “totalmente contra”.
Decisão crucial
A reação negativa contra o uso de energia nuclear para produção de eletricidade cresceu em todo o mundo após o acidente ocorrido na usina de Fukushima, no Japão. Embora, segundo a mesma pesquisa, os brasileiros sejam os mais otimistas quanto às chances de os japoneses recuperarem rapidamente sua economia, a posição da sociedade brasileira contra usinas atômicas é bem consolidada.
No outro lado da notícia, registra-se que o governo brasileiro estuda a construção de mais quatro centrais nucleares. Segundo fonte citada pelo Estadão, a decisão ainda depende da evolução do acidente no Japão. No entanto, outras fontes têm informado sobre desconfianças generalizadas a respeito de omissões por parte das autoridades japonesas sobre a gravidade do problema em Fukushima.
No último informe oficial, publicado na terça-feira (19) em todo o mundo, o governo japonês admite que dados coletados por robôs no interior dos reatores da usina apontam a ocorrência de níveis muito elevados de radiação, que impedem a volta de equipes de trabalho para fazer as reparações.
Esse noticiário, disperso pelas páginas dos jornais, dificulta o entendimento do leitor sobre as escolhas que o Brasil precisa fazer a respeito das fontes de energia de que necessita para seguir alimentando o crescimento econômico.
O tema é complexo e exige um noticiário consolidado e transversal. Sem esse conhecimento, a sociedade continua alijada de uma das decisões mais cruciais em toda a história do país. Em poucos momentos foi tão necessária uma imprensa capaz de estimular a busca de conhecimento específico por parte dos cidadãos.
* Publicado originalmente no site do Observatório da Imprensa.