Terceiro Setor: qualidade ou jeitinho de fazer as coisas?

Foto: coletivoverde

Nas últimas décadas, mais precisamente depois dos anos 90, assistimos a um crescimento exponencial das organizações do Terceiro Setor no cenário mundial.

A importância dessas organizações, por meio de suas ações e projetos, torna-se relevante frente a questões de desenvolvimento social, econômico e ambiental.

Por outro lado, a responsabilidade aumenta perante o compromisso de atuar de maneira profissional e transparente. Será que as organizações ou as pessoas que fazem parte do setor sabem da importância dessas questões?

Tenho presenciado em muitas organizações um alto grau de interesse e compromisso em fazer suas ações com qualidade, seriedade e responsabilidade. E outras que vão desenvolvendo trabalhos de qualquer maneira.

São caminhos árduos e muitas vezes difíceis de trilhar, frente a uma cultura brasileira voltada para um “certo jeitinho” de fazer as coisas conforme o vento, o acaso e o improviso.

Infelizmente, na área social, existe um conjunto de organizações do Terceiro Setor que trabalha de qualquer maneira e de qualquer jeito -o famoso amadorismo. Mas existe também um grande número que persegue trilhas de profissionalismo, responsabilidade e seriedade em tudo que faz.

Dessa forma, não basta para o Terceiro Setor crescer e fazer inúmeros projetos com todo o jeitinho que só o brasileiro sabe fazer. Se faz necessário crescer de outra maneira, ou seja, de maneira séria, profissional e com credibilidade na busca constante da qualidade dos serviços prestados à sociedade.

Portanto, o caminho para o alcance da qualidade constante requer que o Terceiro Setor invista em conhecimento e em capital humano com o objetivo principal de formar pessoas com alto grau de profissionalismo e compromisso ético consigo mesmo e com o outro.

Acredito que esse passo só será dado com firmeza por meio da superação urgente do paradigma da cultura voltada para o “jeitinho brasileiro de fazer as coisas”.

Não é fácil, mas é possível construir um novo paradigma. Como dizia o eterno tio Ho (Ho Chi Minh), “Tudo muda, é a lei”.

* Márcia Moussalem é sociológa, vice-presidente e coordenadora do Iats (Instituto de Administração para o Terceiro Setor) Luiz Carlos Merege.

** Publicado originalmente no site Prêmio Empreendedor Social/Folha de S. Paulo.