Todas as Medicinas servem para o mesmo fim

Segundo Pascal, “o Homem tende a negar tudo aquilo que lhe é desconhecido”.

Atualizado em 27/03/2014 às 11:03, por Ana Maria.

Segundo Pascal, “o Homem tende a negar tudo aquilo que lhe é desconhecido”.

Por que será que, ao longo do tempo, as linhas mais ortodoxas de pensamento, seja em que área de atuação for, tendem a rejeitar tudo o que se apresenta de novo, principalmente no que diz respeito à ciência médica? Se a medicina clássica, onde todos os médicos firmaram suas formações, fosse a salvação e a solução para todos os males, por que as pessoas procuram avidamente alternativas?

O médico, acometido de uma forma narcisista de criticar condutas, tende a negar o que desconhece, colocando falhas e defeitos em quaisquer procedimentos como se ele fosse infalível e senhor de todas as curas.

Quando se criticava ardentemente a acupuntura e a homeopatia, não se levava em conta que a primeira já era praticada por mais de 4.000 anos e a segunda, iniciada no século 18, carreava muitos adeptos que, após tentarem métodos tradicionais, nela encontraram alívio e cura.

Obviamente, temos que concordar que vários são os métodos capazes de aliviar, sejam doenças psicossomáticas, sejam orgânicas puras, utilizando-se técnicas não convencionais de tratamento.

Cabe salientar que, pela própria formação acadêmica, o médico tende a firmar conceitos baseados nas informações dos professores e no que dispõem os livros didáticos e clássicos. Devemos ressaltar, no entanto, que a Ciência é dinâmica e, por isso, renova-se constantemente fazendo com que conceitos estabelecidos possam, de um momento para outro, cair e dar lugar a outras formas de compreensão e conduta. Devemos colocar de lado uma ignorância às vezes arrogante onde, por princípios meramente de vaidade, “não damos o braço a torcer”.

Precisamos estar abertos a todo tipo de Ciência pois todas elas vão ao encontro do mesmo bom objetivo, que é o de dar conforto e alívio aos pacientes, não importando a natureza da técnica utilizada, desde que haja coerência na metodologia, isto é, sem ferir física e psicologicamente aquele que deve ser tratado, obedecendo, acima de tudo, os preceitos éticos.

A Medicina está evoluindo em todos os campos, mas não devemos nos esquecer que, acima do conhecimento dos métodos de tratamento propostos, está a figura humana, que merece todo o respeito e deve ser submetida a qualquer terapia com a devida dignidade de procura da cura.

“Mudarei de opinião tantas vezes forem necessárias, à medida que vou adquirindo novos conhecimentos”. Esta importante frase de Ameghino nos deve nortear a abrirmos nossas mentes no sentido de procurar a modernidade científica que, dentro de nossas convicções e experiências, poderão nos levar à vitória contra as doenças, fazendo-nos verdadeiros lutadores em favor da saúde.

* Sergio Vaisman é médico especialista em Cardiologia e Nutrologia, formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

** Publicado originalmente no site Mercado Ético.


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