Transtorno bipolar pode ser provocado por estresse

Paciente costuma demonstrar euforia excessiva ou forte depressão

A cantora Rita Lee, 64 anos, tem seu nome constantemente a ligado a confusões, inclusive com autoridades públicas, gerando inúmeras especulações sobre seu comportamento aparentemente inexplicável. No entanto, a artista revelou recentemente ao programa Fantástico, da Rede Globo, ser bipolar, doença que atinge até 8% da população brasileira e não apresenta distinção de sua prevalência entre homens e mulheres. De caráter genético, a bipolaridade preocupa seus portadores, já que os filhos de pais bipolares apresentam grandes chances de desenvolvimento da enfermidade, quase 85% ou seja, 9 vezes mais do que as crianças sem o histórico familiar.

De acordo com O Dr. Ricardo Moreno, psiquiatra e colaborador do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, o bipolar se caracteriza por flutuações patológicas do humor para o pólo depressivo e/ou e para o pólo maníaco ou eufórico. “A euforia e a depressão são síndromes bem diferenciadas que não vem a ter com mudanças normais do humor”, esclarece o especialista, revelando que nem todos os envolvidos na estatística dos 85% desenvolverão a bipolaridade, porém, além da hereditariedade, o estresse também pode agir como precipitante do distúrbio.

A bipolaridade demonstra seus primeiros indícios por volta dos 50 anos de idade, o que permite ao paciente manter uma vida saudável até então. No entanto, assim como a esquizofrenia e outras doenças psiquiátricas, o bipolar ainda é vitima de preconceito em função do desconhecimento de informações relacionadas ao distúrbio. Portanto, mediante um quadro de euforia excessiva ou forte depressão, um diagnóstico preciso deve ser feito para descartar a existência de outras doenças e, assim, ser possível obter o efeito desejado do tratamento.

A enfermidade pode ter seus efeitos minimizados com a utilização de medicamentos que controlam tanto o processo de depressão quanto o da euforia. “Existem duas vias de controle. Preferencialmente, deve-se tratar a fase aguda da depressão com remédios antidepressivos. Mas se o paciente demonstra euforia excessiva, o recomendado é o uso de antimaníacos ou antieufóricos, porém o principal nos dois casos são os medicamentos estabilizadores de humor que tem por função prevenir as recaídas ao longo da vida”, explica o psiquiatra.

Com a correta introdução dos medicamentos adequados, os bipolares conseguem controlar as crises de euforia e depressão, visto que a bipolaridade não tem cura. Porém, o portador pode, sem maiores problemas, ser uma figura de destaque em sua carreira profissional e constituir uma família que, durante todo o processo, é um importante apoio não somente no quesito compreensão, mas, sobretudo no acompanhamento da ‘vida bipolar’ deste indivíduo.

* Publicado originalmente no site Saúde em Pauta.