A Europa está tentando lidar com um problema do euro de cada vez. Tal abordagem está fadada ao fracasso
A zona do euro está tão fragilizada em tantas áreas que, se a moeda única não de desmanchar, a Europa precisa começar a redesenhar o projeto do sistema como um todo. A cúpula europeia em 28 e 29 de junho é um teste que avaliará a capacidade dos líderes europeus de solucionar isso. Ainda que alguns dos mais inteligentes destes estejam agora concebendo planos para uma união bancária e uma intervenção direta no mercado de títulos governamentais, a evidência até agora é que o desafio ainda está, infelizmente, além da capacidade deles.
A futilidade de tratar a crise do euro como uma série de emergências nacionais separadas ficou clara para o mundo inteiro nesta semana – primeiro na Grécia, depois na Espanha, e finalmente no G20.
A Espanha se encontra agora numa encruzilhada semelhante. No início do mês, o país confirmou a tomada de um empréstimo da zona do euro de até €100 bilhões (US$ 127 bilhões) para sanear os seus bancos. Mas isto não está adiantando nada em termos de restaurar a confiança. Para resolver esse problema, outro conserto foi proposto. No reunião do G20 no México, alguns países sugeriram que os fundos de resgate da zona do euro deveriam ser usados para comprar os títulos dos governos que, qual a Espanha, estão sob ataque.
Mais uma vez, um novo espirro deu a largada em uma correria nos mercados. Por quanto tempo? A Alemanha, a economia da zona do euro que importa, ainda não assinou embaixo do plano. Mesmo que o faça, os fundos não serão suficientes para salvar a Espanha, muito menos a Itália, que tem €2 trilhões em títulos do governo no mercado. A inadequação dos fundos disponíveis corre o risco de ser encarada como um sinal de que não há limites para o comprometimento da zona do euro – em outras palavras, um convite para que os investidores deem o fora.
Para que a zona do euro encontre uma saída para a crise, a intervenção nos mercados de títulos precisa ser aliada a uma reforma mais ousada do sistema em si. Isto quer dizer um plano detalhado para criar uma união bancária e para mutualizar parte da dívida. É difícil antecipar como os líderes da zona do euro podem conciliar os meses de negociações políticas vindouros com a tendência dos investidores a fugir.
* Publicado originalmente no site The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.