Um contador de histórias em benefício da educação ambiental

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Francisco já publicou 18 livros infantis sobre educação ambiental.
No dia 18 de abril a redação do portal EcoDesenvolvimento.org recebeu um e-mail de Francisco Pincerato se apresentando como escritor de livros infantis e oferecendo um artigo em colaboração, e então o convidamos para uma entrevista. Pode parecer sem lógica, mas, afinal, melhor do que escrever sobre sustentabilidade é contar por que se envolveu com a ideia de criar um mundo mais equilibrado socioambientalmente.
Em sua carta-convite, Pincerato disse que gostava muito de trabalhar com educação ambiental e já tinha colaborado com crônicas e textos publicados em sites direcionados ao tema. Em uma busca sobre seus títulos infantis, encontramos 18 publicações, todas direcionadas para as crianças. E então voltamos à questão inicial: o que o faz escrever para esse público? “Eu acredito que é possível direcionar as consciências das crianças e é por isso que eu persisto. Acho que no futuro elas devem agir com ideias voltadas para a preservação ambiental, sempre com a consciência do quanto isto é importante”, afirmou.

Confira a conversa completa.

Portal EcoDesenvolvimento.org – Você já publicou 18 livros de educação ambiental para crianças, qual a importância desse trabalho?

Francisco Pincerato – Eu sinto a importância do trabalho quando vou para os lugares onde adotam o meu material. Sempre promovem eventos de lançamento de campanhas de educação ambiental, fazem festa para a capacitação de educadores e contadores de história e, principalmente, fazem questão de passar para as comunidades em torno das escolas a importância da educação ambiental. Isto é gratificante, quer dizer que o nosso trabalho está funcionando.

Você acha que influencia na formação cívica da criança?

Eu não posso dizer que tenho influência sobre a formação cívica da criança, já que ela é formada por um conjunto de elementos e preferências da sociedade em relação ao cidadão. Mas, ao ler um livro meu, é possível que a criança sofra uma boa influência, frente às evidências do aquecimento global e das mudanças no clima. Faço votos que sim, pelo menos.

Quando você começou a desenvolver esse trabalho? De onde surgiu o seu interesse?

Eu já tinha uma profissão bem próxima, trabalhava com marketing escolar para empresas ligadas à educação, daí até escrever o primeiro trabalho e inventar meu primeiro jogo didático, foi um pulo. Já o tema educação ambiental entrou na minha pauta em função de três trabalhos de comunicação que fiz, sobre a produção ecológica do lápis. A partir daí, eu me interessei mais sobre o assunto e continuei com as produções.

Qual o público que busca esse tipo de material? É comum a busca de escolas públicas e particulares por esse material também?

A maior parte dos interessados é de escolas públicas e departamentos de vigilância sanitária para campanhas de Vigilância Ambiental em Saúde, relacionadas à dengue e demais endemias urbanas, sempre articuladas com as Secretarias de Educação, para justificar a definição e aplicação dos temas em sala de aula, obrigatórios por lei.

Você acha que, no Brasil, há um maior interesse pela disseminação desse tipo de conhecimento para as crianças?

Não, ainda é bem incipiente o interesse por esses temas, por uma razão muito simples: por ser matéria transversal e multidisciplinar, isto atrapalha a aplicação dentro da grade curricular vertical.

Qual a sua sugestão para acrescentar a educação ambiental no conteúdo exposto pelas escolas?

Na verdade, não existe fórmula mágica para isso, tem que ser assim mesmo, porém, até mesmo na educação deveríamos adotar os critérios ecopolíticos como prioridade, pois estamos falando da preservação e da continuação da vida sobre o planeta.

Você acha que a educação ambiental deveria ser um tipo de disciplina escolar?

Acho sim, afinal, trata-se de matéria em defesa da vida. De nada valerá as crianças aprenderem outras diversas matérias se a vida e o seu ambiente estão em risco.

Educação ambiental tem que continuar transversal e multidisciplinar, porém, em caso de ser vertical, teríamos professores formados e capacitados só para isso. Dessa forma, teríamos teoria, atividades escolares internas e externas, redação, provas e outros trabalhos escolares sobre a matéria, valendo notas e julgamento de desempenho.

Você desenvolve algum trabalho de incentivo à aplicação da educação ambiental nas escolas?

Desenvolvo sim, mas considero pouco o que faço. Atuo como voluntário, promovendo oficinas e palestras em entidades carentes, pequenos municípios e agora, mais recentemente, me candidatei a voluntário na Pastoral Ecológica da Igreja Católica, que ministra aulas de educação ambiental nas escolas das comunidades onde atua. A Pastoral Ecológica é que vai continuar a missão da Campanha da Fraternidade deste ano de 2011, sobre aquecimento global e mudanças climáticas.

Você tem filhos? Qual a coisa mais importante relacionada ao meio ambiente que você busca passar para eles?

Tenho sim, e o que vejo de mais importante é mostrar que a Terra é uma imensa nave, uma joia única e rara no espaço, mas é um sistema fechado. Nada vem de fora, a não ser a luz solar, que junto com a água, criou a vida no planeta. Temos um só planeta e, na nossa trajetória de vida, precisamos dividir os seus recursos de forma racional e em benefício da vida de todos os seres vivos, principalmente dos mais vulneráveis.

* Publicado originalmente no site EcoD.