Unanimidade entre cientistas: Terra vai sofrer grande perda de espécies

O Orangotango da Sumatra (Pongo abelii) está sob enorme risco, com apenas sete mil espécimes existentes, o que representa um declínio de 80% em 75 anos. Foto: Mongabay

O Tilacino, o Dodô, o Auk grande, o Pombo-passageiro, o Sapo-dourado: essas espécies se tornaram símbolo da extinção. Mas elas são apenas a ponta da recente crise de extinção, e segundo uma pesquisa com 583 cientistas de conservação, elas são apenas o começo. Em uma pesquisa do jornal Conservation Biology, 99,5% dos cientistas de conservação disseram que uma perda séria de biodiversidade era ‘provável’, ‘muito provável’, ou ‘praticamente certa’. A previsão de uma perda significativa de espécies não é surpreendente – cientistas avisam há décadas que se a sociedade global não fizer nada para mudar, o mundo sofrerá uma extinção em massa. O que talvez seja surpreendente é a expectativa unânime de que o declínio da biodiversidade global ocorrerá.

“Entender o grau de consenso entre a comunidade científica ajudará os formuladores de políticas a interpretar pareceres científicos, melhorando a probabilidade de sucesso das iniciativas de conservação”, afirmou o autor do estudo Murray Rudd, da Universidade de York. “O nível de consenso extremamente alto demonstrado por esses resultados enfatiza a urgência de prevenir mais danos ao mundo natural”.

Além disso, cerca de 80% dos entrevistados concordou que era ‘praticamente certo’ que as atividades humanas estavam acelerando a perda de espécies. Desmatamento, perda de habitat, mudanças climáticas, poluição, superexploração de alimentos ou remédios, doenças, e espécies invasoras estão entre alguns dos grandes causadores do declínio de biodiversidade em todo o mundo.

Segundo a pesquisa, recifes de corais tropicais são os mais propensos a terem extinções. Cerca de 88% dos entrevistados familiarizados com os recifes de coral – os ecossistemas marinhos mais biodiversos da Terra – preveem que uma perda séria é ‘muito provável’ ou ‘praticamente certa’. Enquanto os recifes de corais estão sofrendo com a poluição e a sobrepesca, talvez o impacto mais drástico seja o aumento contínuo das emissões de gases do efeito estufa. A acidificação dos oceanos pelo aumento dos níveis de carbono prejudica a habilidade de um recife de coral de se calcificar, pondo em perigo o ecossistema. Além disso, o aumento das temperaturas e do nível do mar devido ao clima pode causar o branqueamento dos corais, o que já devastou sistemas de corais inteiros.

Cerca de metade dos pesquisadores (50,3%) gostaria de ver critérios estabelecidos para a ‘triagem de conservação’. A triagem de conservação é uma ideia controversa em que as prioridades de conservação – como uma triagem em uma sala de emergência – seriam mais estritamente determinadas dados os fundos e recursos limitados. A ideia, no entanto, prediz que algumas espécies teriam que ser extintas sem esforços de conservação porque suas situações seriam consideradas muito ruins para ‘gastar’ recursos.

Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), mais de 19 mil espécies estão atualmente classificadas como vulneráveis, ameaçadas, e criticamente ameaçadas. No entanto, até agora a Lista Vermelha só teve a capacidade de analisar cerca de 3% das espécies conhecidas no mundo. Ainda mais alarmante é que ninguém sabe quantas espécies habitam a Terra, e as estimativas variam de três milhões a 100 milhões (atualmente, quase dois milhões foram descritas).

Leia o original (inglês).

Tradução: CarbonoBrasil

* Publicado originalmente pelo Mongabay e retirado do site CarbonoBrasil.