EIMA 8: Energia, agricultura e mineração são alguns dos principais setores para a nova economia

Em entrevista à equipe EIMA 8, Liliana Miranda, diretora executiva do Fórum de Cidades para a Vida, do Peru, fala sobre suas expectativas para o evento e traça prioridades para acelerar o desenvolvimento sustentável.

Quais devem ser as prioridades para acelerar o processo para um desenvolvimento sustentável nos próximos dez anos? Qual é a maior prioridade?

Liliana Miranda: Modificar a visão ideal do desenvolvimento baseada num padrão de desenvolvimento econômico e populacional infinito – também conhecido como neoliberal – por um mais respeitoso com o ambiente, justo, equitativo, cultural e politicamente responsável. Deveria ser prioridade também construir uma economia forte que minimizasse a dependência dos recursos naturais não renováveis e promovesse seus substitutos, racionalizando o uso dos recursos renováveis e respeitando a capacidade de carga da natureza.

Quais setores econômicos a senhora considera mais importantes para construir uma economia verde que ajude no desenvolvimento sustentável do planeta?

Liliana Miranda: Energia, agricultura, mineração e atividades extrativas social e ambientalmente responsáveis. É necessário proteger e conservar recursos naturais de países como Peru e Brasil. Bens ecológicos e paisagem natural também precisam ser protegidos para não padecerem, não se tornarem escassos, nem serem contaminados. A conservação das fontes de agua também é vital.

Qual o maior desafio das cidades hoje em dia?

Liliana Miranda: São os desafios da mudança climática, especialmente a redução da vulnerabilidade da água e os desastres hidrometeorológicos. Isso significa crescer moderadamente, sem depredar, gerando infraestruturas ecológicas e eficientes para o uso dos recursos, a produção, uso e reúso de resíduos, e promovendo o desenvolvimento verde. Mais espaços na moradia para mais gente em cada uma e com mais espaço público verde.

Frente as previsões de crescimento populacional durante as próximas décadas, quais são as mudanças nos padrões necessários para que seja possível a redução da pegada ecológica dos países?

Liliana Miranda: Manter uma pegada ecológica pequena com altos níveis de desenvolvimento solidário e mais justo, promovendo o consumo sustentável e a cultura da reciclagem e o reúso.

Quais são os passos para a transição da “cidade da expansão ilimitada” para uma cidade adaptada aos “limites de biocapacidade global”?

Liliana Miranda: A mudança do paradigma de desenvolvimento no setor privado e da classe política com base em novas formas de produção, assim como a promoção de uma cidadania capaz de fazer prevalecer um consumo mais sustentável e responsável. Precisamos nos desenvolver considerando os desafios das mudanças climáticas.

Como se pode construir a mudança? Estamos realmente organizados social e politicamente?

Liliana Miranda: Pelo exemplo individual, institucional e empresarial, pela disseminação de boas práticas ambientais entre consumidores, redes sociais, organizações e instituições políticas, e setor privado, fortalecendo as capacidades das organizações socioambientais para proteger tanto a qualidade ambiental na cidade como na natureza, assim como proteger e conservar a biocapacidade que as sustenta. São estas redes urbano-rurais que permitirão estruturar mecanismos de vigilância permanente de forma holística e integral e não fragmentada.

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