Dor aguda no peito, falta de ar, hipotensão. Estes sintomas, semelhantes aos do ataque cardíaco, podem ser sinal de uma outra condição. Mais comum entre mulheres acima dos 50 anos, esta síndrome decorre de experiências traumáticas, como o término de um relacionamento, e por este motivo é conhecida como síndrome do coração partido.
O nome original é “cardiopatia de Takotsubo”, que é uma armadilha para pegar polvo, usada no Japão, e que tem o formato parecido com aquele que adquire o coração quando atingido por esta síndrome (como um halter). “O nome popular, síndrome do coração partido, deriva do fato de que esta costuma ocorrer com forte estresse emocional, como uma grande desilusão amorosa”, explica o cardiologista Leandro Zimerman, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac).
Sintomas semelhantes confundem diagnóstico
Segundo Zimerman, os sintomas se assemelham muito aos do ataque cardíaco e por este motivo, fica difícil, a princípio, realizar o diagnóstico preciso. “Começa com uma dor aguda no peito, falta de ar, hipotensão importante, alterações eletrocardiográficas e até mesmo enzimáticas. No entanto, não há lesões nas artérias coronárias, as alterações da forma do coração são típicas e a recuperação do paciente costuma ser rápida e completa”, diz.
Segundo o cardiologista, a síndrome pode matar, mas isto é muito raro. “A morte pode ocorrer devido a arritmias ventriculares graves, ou mesmo por ruptura cardíaca”. Na maioria dos casos, a recuperação é completa em até 30 dias e a chance de um novo episódio é de menos de 10%.
Mulheres mais velhas são mais vulneráveis
A síndrome pode acometer qualquer pessoa, mas é mais comum em mulheres, principalmente entre 60 e 75 anos. “Não se sabe exatamente a causa disso, mas ocorre aproximadamente 10 vezes mais em mulheres do que em homens. Outro dado interessante é o fator desencadeante. É mais frequente um estresse físico em homens, ao contrário do usual, que é o estresse emocional agudo ou físico e, provavelmente, tenha relação com um exagero na estimulação do sistema nervoso simpático (excesso de adrenalina, noradrenalina) e diferenças na inervação em diferentes partes do coração”.
O tratamento dado é de suporte. “Ou seja, trata-se a dor, trata-se a hipotensão arterial. Os sintomas e sinais são tratados, e se aguarda a recuperação do quadro, que ocorre espontaneamente e, geralmente, de forma completa”, diz.
O cardiologista explica que o diagnóstico precoce é feito por eliminação, e apenas se houver a suspeita de que o quadro que o paciente está apresentando seja a síndrome. “A partir disto, inicia-se a realização de exames que diferenciem este quadro de outros possíveis, como infarto do miocárdio ou embolia pulmonar”, conclui.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.