Veja, caro leitor, que campanha interessante lançada neste fim de semana pelo The New York Times. Mas duvido que pegasse no Brasil, onde não temos uma cultura de filantropia –e onde a educação pública está longe de ser uma prioridade nacional.
A prisão de alunos que cabulavam aula, em São Paulo, é apenas mais uma daquelas notícias recorrente sobre a qualidade de nossas escolas públicas.
Um dos mais importantes jornais do mundo, o NYT, está pedindo doação em dinheiro aos norte-americanos. Motivo: quer entregar de graça jornais para escolas públicas de todos os Estados Unidos.
A ideia central é a seguinte: a leitura de um jornal de qualidade ajudaria a educação dos estudantes. É um negócio, óbvio, para o jornal, que vai cativar leitores e aumentar suas vendas. Mas também é um bom negócio para o país. E custa quase nada para quem faz a doação. Portanto, é também uma boa para quem quer ajudar alguém e não tem muito dinheiro.
Fico imaginando quantas críticas mesquinhas seriam feitas, no Brasil, contra uma campanha desse tipo. Ainda temos muito a aprender sobre a importância da responsabilidade individual diante de problemas coletivos.
Em essência, nós, brasileiros, falamos muito em direitos e pouco em deveres. Sou dos que acham que deveríamos ensinar, desde a escola, que trabalho comunitário não é favor, mas obrigação.
Todos deveríamos, pelo menos, ajudar a escola pública no bairro.
* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.
** Publicado originalmente no Portal Aprendiz.