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Volta a fracassar acordo de transição no Iêmen

Doha, Catar, 19/5/2011 – O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, se recusou, pela segunda vez, a assinar um acordo proposto pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) para a passagem do poder. O tão esperado pacto estabelecia que o mandatário renunciaria ao cargo em um mês. A oposição iemenita havia anunciado que assinaria o acordo ontem, mas o secretário-geral do CCG, Abdullatif al-Zayani, saiu de Sana’a sem êxito. Zayani permaneceu na capital do Iêmen, desde o dia 14, para persuadir as partes, com ajuda dos Estados Unidos e da União Europeia.

A Casa Branca havia exortado Saleh a implementar a passagem do poder para permitir que o país “avance imediatamente” para uma reforma política. Washington informou que John Brennan, conselheiro do presidente Barack Obama, telefonou para Saleh. “Brennan disse que a passagem do poder representava o melhor caminho para que o Iêmen se convertesse em uma nação mais segura, unida e próspera, e para que os iemenitas se dessem conta de suas aspirações de paz e reforma política”, diz uma declaração da Casa Branca.

O conselheiro de Obama também reiterou que todas as partes deveriam “se abster de violência e realizar a transição de forma pacífica e ordenada”. Inicialmente, o canal de televisão Al Arabiya havia citado um assessor do presidente iemenita confirmando para ontem a assinatura do acordo. Por sua vez, a oposição, que inclui islâmicos e esquerdistas, disse que, entre as modificações menores no acordo, havia mudanças sobre quem deveria assinar representando cada lado.

“O presidente assinará pelo governo na sua qualidade de mandatário da República e como chefe do partido no governo”, informou o líder opositor Yahya Abu Usbua à agência de notícias Reuters. Porém, alguns grupos de oposição anunciaram que não aceitariam o acordo

A proposta do CCG, formado por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Catar, teve vários inconvenientes nas últimas semanas porque Saleh se apegava a tecnicismos. Em princípio, queria ter autoridade para designar um governo de transição até as eleições e também escolher o representante da oposição que assinaria o acordo, informou um líder opositor.

Finalmente, o mandatário, que sobreviveu a anteriores tentativas da oposição contra seu regime, anunciou, em abril, que assinaria o acordo tal com proposto pelo CCG. Contudo, depois voltou atrás. Nesse momento, disse que assinaria somente na qualidade de líder do partido governante, e não como presidente. Ele e seu partido aceitaram em seguida que o assinaria como representante do partido e como presidente.

Estados Unidos e Arábia Saudita, objetivos de ataques do ramo iemenita da rede terrorista Al Qaeda, desejam ver uma resolução da situação política do Iêmen, pois temem que o contínuo caos dê mais terreno a essa organização. No dia 17, os iemenitas completaram cem dias de protestos contra o governo. Na manhã desse dia, no Porto de Aden, pessoas armadas e em roupas civis dispararam para cima diante do acampamento de manifestantes.

Estes disseram que se tratava de uma tentativa de expulsá-los da área em que estão acampados há meses exigindo a saída de Saleh. Residentes e médicos informaram que várias pessoas ficaram feridas, mas não houve mortes. Os manifestantes que fugiram, rapidamente voltaram ao acampamento após os enfrentamentos. Enquanto isso, dois soldados e um funcionário público foram alvejados quando viajavam em um caminhão, perto de um posto de vigilância na cidade de Mukalla, disse uma fonte oficial. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.