De acordo com o site especializado em divulgar documentos secretos, WikiLeaks, a embaixada dos Estados Unidos em Pequim enviou para Washington alertas sobre a tecnologia obsoleta utilizada nas usinas nucleares chinesas.
Segundo esses documentos, alguns dos reatores da China se baseiam em modelos ultrapassados, o que aumenta em muito as chances de acidentes.
O alerta aparece logo depois do governo chinês anunciar a retomada de seu programa nuclear, que estava paralisado devido a tragédia de Fukushima, no Japão. O plano prevê a construção de mais de 50 novas usinas até 2020.
Para a embaixada norte-americana, a grande preocupação está na opção pela tecnologia CPR-1000, desenvolvida pelos próprios chineses a partir de antigos reatores Westinghouse.
“Ao final de sua vida útil, esses reatores apresentarão uma tecnologia com mais de 100 anos de idade. Assim, a China ao invés de estar buscando usinas mais modernas e seguras está optando por modelos quase obsoletos”, relata o documento datado de 7 de agosto de 2008 vazado pelo WikiLeaks.
Das atuais 22 usinas nucleares em construção na China, apenas duas não utilizam os CPR-1000.
“Ao não possuir algumas das margens de segurança mais modernas, os CPR-1000 são 100 vezes mais vulneráveis que o modelo AP1000, o mais recente produzido pela própria Westinghouse”, acrescenta o documento.
Existe a possibilidade de que toda essa preocupação da embaixada norte-americana seja apenas uma manobra para tentar vender sua própria tecnologia para os chineses. Mas mesmo cientistas do país se mostram descontentes.
“Estamos mesmo preparados para construir tantas usinas? Eu acredito que não. Existem muitos problemas, principalmente no quesito de segurança, nesse programa de multiplicar por 20 nossa geração nuclear”, escreveu He Zuoxiu, cientista que participou da construção da primeira bomba atômica chinesa, em um artigo publicado no Science Times.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.