Movimento global certifica companhias que redefinem o significado do sucesso e buscam não somente ser as melhores do mundo, mas também ser as melhores para o mundo.
Por Juliana Guarexick, da Envolverde*
Certamente você já ouviu o dito popular: “Uma andorinha só não faz verão.” A escolha dessa espécie não é casual. Na busca por calor, essas aves sempre voam juntas, em grupos de até 200 mil. É assim na natureza e também nas relações sociais e econômicas, que impactam diretamente o planeta em que vivemos. Já não é de hoje que a solução para os principais desafios globais dependem apenas do Estado e/ou da sociedade civil. Cada vez mais empreendedores e empresários enfrentam o dilema de resolver problemas sociais e ambientais utilizando os mecanismos de mercado. E como reafirma o ditado, não se muda o mundo sozinho, mas em rede.
E quando o plano A, mais do mesmo, não surte mais efeito é a vez do plano B: empresas que redefinem o significado do sucesso, buscam não somente ser as melhores do mundo, mas também ser as melhores para o mundo. Esta é a definição para o Sistema B: um movimento global com mais de 1000 empresas certificadas em mais de 30 países. No último dia 29, representantes das empresas Natura, Ben & Jerr’s, Rede Asta, Fazenda da Toca e Amma Chocolate, se reuniram em Cajamar – na sede da Natura – para dividir suas experiências à frente de empresas B.
“Ser uma boa empresa não é suficiente, você precisa envolver pessoas de maneira emocional”, assegura Jostein Solheim, CEO da Ben & Jerry’s – empresa de sorvete que começou em 1978 com dois caras e acabou se tornando tão lendária quanto a própria euforia por sorvete. Jostein explica que mais do que oferecer sorvetes fantásticos, a Ben & Jerry’s tem como objetivo criar uma rede de prosperidade linkada com todos aqueles que estão integrados ao negócio. “Tem que ser perto e tangível. Tem que envolver a comunidade onde vendemos, para manter essa economia circular”. Comércio justo, igualdade no casamento, justiça climática e a promoção da paz são outras questões com as quais a empresa se preocupa.
E o que você diria de um produto bom, bonito e do bem? Esta é a proposta da Rede Asta: um negócio social, com 10 anos de atuação, que leva aos consumidores em todo o Brasil produtos para casa e moda feitos à mão. Mas qual o segredo pra sobreviver numa economia massificada? Alice Freitas, diretora executiva da Rede Asta explica: “A chave para manter nosso negócio é a criação de redes de produção”. A empresa opera atualmente com 60 grupos produtivos formados por mulheres artesãs de 10 estados brasileiros. O objetivo do negócio, porém, vai além da venda de produtos. “A gente sempre quis vender história. Vemos as pessoas por traz dos produtos”, ressalta Alice.
Diego Badaró, representante da quinta geração de uma família cacauicultora do sul da Bahia, e fundador da Amma Chocolate, contribui com o debate exaltando justamente o que está além do produto que consumimos. A missão de sua empresa é fazer o chocolate orgânico da mais alta qualidade no Brasil, um dos melhores do mundo, e levar a consciência do sabor e do saber da floresta para todos os habitantes do planeta. “A economia é muito virtual, mas a riqueza está na terra, na água. Precisamos retomar o poder de um alimento completo, que seja fonte de inspiração e provocação para outros produtores”, comenta.
E quando o assunto é repensar a relação humana com o planeta, a Fazenda da Toca tem muita história pra contar. O tempo no mercado, porém, não é o requisito que a define como uma empresa B. Com apenas um ano e meio de existência, a marca representa mais que uma fazenda de produção orgânica e agroecológica, mas um lugar de encontros, vivências e experimentações, que convidam ao pensar e viver orgânico. “O nosso desafio é fazer o consumidor pegar o produto e saber o significado do B”, destaca Fernando Bicaletto, diretor comercial da Fazenda da Toca.
Como anfitriã do encontro, Renata Puchala – gerente de sociobiodiversidade e Programa Amazônia, da Natura – faz questão de reafirmar a importância de ser uma empresa B: “A Natura nasceu para construir histórias de transformação e preservação. A certificação foi uma reafirmação”. Para a executiva a sustentabilidade tem que ser um propósito e não ser tratada meramente como mitigação de riscos. “A sustentabilidade não pode ser uma ideia tem que permear tudo, por isso a governança é importante.” Mas afinal o que é ser uma empresa B? “B é o novo. Não é o normal. É o que está por vir”, conclui Renata.
Conheça mais sobre o Sistema B aqui e faça parte deste movimento! (#Envolverde)