por Deivison Pedroza* –
Assim como a tecnologia revolucionou o mundo empresarial na década de 2010, os próximos dez anos devem ser marcados por um novo foco para os líderes empresariais de todo mundo: o compliance sustentável. O tema não se resumirá apenas a práticas de reciclagem ou comércio justo. Ambos os pontos são importantes, mas os desafios permearão todas os setores das empresas, desde operações da cadeia de suprimentos às atividades realizadas pelo quadro de colaboradores, passando também pelo próprio espaço físico de trabalho.
A sustentabilidade não é mais um tema da moda. Trata-se de um clamor da sociedade, pois o assunto está presente nas narrativas de massa e tem envolvido empresas e marcas cientes da importância de atuarem com responsabilidade. Certamente, o ano de 2020 será marcado por organizações preocupadas com o atendimento às leis voltadas a esse tema, levando a responsabilidade pela preservação do planeta e seus recursos naturais a um nível mais profundo.
Muitas empresas sempre estiveram envolvidas com essas questões e optaram, naturalmente, por trilhar um caminho em sintonia com a sustentabilidade. Outras foram motivadas pela pressão dos consumidores, cada vez mais exigentes e preocupados com a origem do que consomem e com a atuação das corporações. Nesse caminho para o qual todos deverão convergir, o importante é ser autêntico e não se importar falsamente com o meio ambiente apenas para fazer bonito.
Em tal contexto, as tragédias de Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais, constituem um alerta imperativo, que compele as empresas a agirem de forma diferente. O radar das organizações deve estar mais ligado do que nunca para o que pode ser prevenido, evitando acidentes e protegendo suas reputações.
Dentro das organizações há muito para explorar. O compliance sustentável pode ser aplicado em muitas áreas, como meio ambiente, saúde e segurança ocupacional, responsabilidade social, segurança de alimentos, energia, qualidade, segurança na cadeia logística e antissuborno e anticorrupção.
Desta maneira, é fundamental a implementação de práticas sustentáveis em todos os processos corporativos. Para fazer a teoria sair do papel e transformar os conceitos em prática é importante contar com indicadores de monitoramento legal e sistema de gestão eficientes. A empresa precisa estar em compliance, ou seja, realizar atividades e processos de acordo com normas e procedimentos legais, tanto externos quanto internos.
Estar em dia com todos os requisitos legais aplicáveis ao negócio não é uma tarefa fácil, pois o número de normas e leis existentes em nosso País é bastante grande. Uma fábrica de porte médio, por exemplo, precisa estar em acordo com, em média, mil e duzentas leis para atuar dentro da conformidade. É um trabalho minucioso, pois uma única lei que passa despercebida pelo radar pode por a perder todo o esforço de uma empresa. Nos detalhes residem perigos que podem levar ao desabamento de um prédio, ao rompimento de uma barragem ou ao derramamento de rejeitos em um rio.
A aplicação de programas de compliance bem elaborados nas empresas e um comportamento ambiental adequado garantem não só o bom funcionamento das organizações, como mais segurança aos colaboradores e à sociedade. Entre os benefícios estão temos: aumento da credibilidade perante clientes, fornecedores, investidores e parceiros; prevenção de fraudes e corrupção; redução de custos; aumento da lucratividade; melhoria na produtividade e na qualidade dos produtos e serviços oferecidos; difusão dos valores e da cultura organizacional da empresa etc.
O fato é que as companhias podem contribuir e muito com o nosso planeta e com a sociedade como um todo. Ser sustentável e estar em compliance não é modismo, mas, sim, dever de todos nós. O ano de 2020 deve ser um marco na priorização dessas questões.
*Deivison Pedroza é CEO do Grupo Verde Ghaia
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