Desmatamento zero para sobreviver é um dos fundamentos do mercado até 2050.
Por Katherine Rivas, da Envolverde –
Durante a Conferencia Ethos 2016, especialistas avaliaram que pequenas e medias empresas serão alavanca de transformação do mercado durante a crise. Linda Murasawa, Superintendente Executiva da área de Sustentabilidade do Santander, afirmou que sustentabilidade e inovação são peças chaves para pequenos empreendedores.
Linda considera que a inovação se expande em diversas áreas, mas que as PMEs nascem alinhadas a esta característica e são as novas líderes da transformação. Ela considera que o período 2016-2017 é ideal para nascer de forma sustentável e ser um vetor de desenvolvimento.
Os setores que se adaptaram rapidamente a nova onda de sustentabilidade no Brasil são a Indústria e os Serviços. “O setor industrial está criando consciência de que precisa cuidar dos recursos de água e energia. Produzir formas alternativas, cuidar dos mananciais”, explica Linda.
Diretor adjunto do departamento de Meio Ambiente da Fiesp, Marcelo Borges, afirma que o desafio do empresário brasileiro hoje é deixar a cultura do ilimitado e não pensar que é possível gastar os recursos à vontade. Ele qualifica a atitude como um problema cultural que está mudando aos poucos.
Já o setor de Serviços lida com as demandas de um consumidor exigente que teve mudanças comportamentais e precisa se adaptar a essas novas necessidades para não desaparecer.
Só no ano de 2015, 1,5 milhão de empresas fechou. Diversos estudos comprovam que 20% das PMEs morrem no segundo ano de atividade. A superintendente coloca esta questão como falta de governança, planejamento e entendimento do pensamento atual da sociedade. No entanto, aponta que a sustentabilidade permite aos pequenos investidores se transformar em líderes. “As grandes empresas estão mudando. Existe vontade de transformar o mundo. Se os pequenos empresários se alinharem com esta ideia vão conseguir incrementar seus negócios.”
Atualmente o Banco Santander conta com um programa de treinamento para empresários e um capital para iniciativas conhecido como Giro sustentável.
Sobreviver até 2050
A meta desde a ratificação do Acordo de Paris, em 12 de setembro, é conseguir zerar as emissões até 2050. Linda considera que esta não é uma questão de escolha e sim de sobrevivência. A sustentabilidade é apresentada como um fator de salvação para a raça humana que hoje está com condições limitadas.
A especialista aponta que esse intervalo de 30 anos está provocando desespero para a ONU e os Governos. Pela primeira vez 200 países convergiram em um acordo de questões climáticas o que para Linda é sinônimo de urgência.
Ela aponta que o Brasil precisa mudar de mentalidade. “Quando pedimos algo para um americano ele disse – Farei o meu melhor- mas o brasileiro na maioria das vezes responde – Vou ver se dá- Até 2050 precisamos fazer nosso melhor também”. Linda defende e sugere como solução o compartilhamento de informação, a geração de conhecimento e a transformação. Para ela a fórmula mágica está hoje nas mãos das empresas.
Modelos de negócios
Felipe Bottini, consultor e fundador da Green Domus – consultoria de desenvolvimento sustentável, contou ao público presente na Conferência a história de sua pequena empresa e afirmou que é possível gerar negócios com sustentabilidade.
Formado em economia, Bottini sempre procurou por um desenvolvimento econômico e ambiental que estivesse aliado à tecnologia. A sociedade mostrava para ele que era impossível, mas ele descobriu que era capaz de ganhar dinheiro e ser sustentável. Foi assim que empreendeu com a consultoria. “O Brasil tem uma vocação muito forte para produzir energia de baixo carbono. A gente não precifica e os empresários não percebem isso. Falta o olhar do brasileiro para achar oportunidades em pequenas empresas”, diz
Para Felipe a visão é clara. As PMEs vão suportar a transição do mercado segundo os acordos climáticos nos próximos anos e quem não pensar em questões de sustentabilidade perderá oportunidades e colocará em risco sua existência. (#Envolverde)