Por Emerson Lima*
O agronegócio representa quase 30% das exportações do Brasil, e o café é o segundo item mais exportado, ficando atrás somente da soja. Mesmo sendo um gigante cafeeiro mundial, o país enfrenta um paradoxo: ser o maior produtor global e receber menos pelo café do que a Alemanha, EUA, Japão, Itália, França e outros. A indústria 4.0, impulsionada pela inteligência artificial (IA), surge como uma oportunidade para o Brasil superar esse desafio e se tornar líder em valor agregado no mercado global de café.
De acordo com o especialista Emerson Lima, CEO da Sauter, empresa referência em Nuvem, Dados, DevOps e IA generativa, “o uso da inteligência artificial na indústria cafeeira promete render, até 2027, UU$ 2,7 bilhões para o setor globalmente. No Brasil, só temos a ganhar com as ferramentas e mudanças trazidas pela IA, que pode atuar no aumento produtividade e qualidade dos produtos; a programação auxilia na redução de custos e desperdícios de recursos; melhoram a rastreabilidade e a transparência do processo; desenvolvem novos produtos e serviços para o setor; e fortalece a marca do café brasileiro no mercado global”.
Desde a primeira etapa da cadeia produtiva, até a última, a IA auxilia na transformação da indústria e traz avanços tecnológicos e implicações para o futuro.
A cadeia de produção segue 7 etapas:
- Plantio e cultivo
- Colheita e Beneficiamento
- Recepção e Armazenamento
- Torrefação
- Moagem e Empacotamento
- Controle de qualidade e Degustação
- Sustentabilidade e Rastreabilidade
No início da cadeia de produção – plantio e cultivo –, por exemplo, drones e sensores podem atuar fazendo o monitoramento da lavoura, enquanto a irrigação automatizada com sistemas inteligentes otimiza o uso da água e evita desperdícios.
Na etapa seguinte, colheita e beneficiamento, o uso de colheitadeiras mecanizadas serve para aumentar a produtividade – robôs guiados por IA selecionam os grãos, enquanto sistemas de IA são capazes de analisar imagens e dados dos grãos para classificá-los de forma automatizada, analisam dados meteorológicos, padrões de solo e comportamento das plantas para melhorar o processo de cultivo. Além disso, algoritmos ajudam a identificar doenças preventivas e precoces e permitem intervenções rápidas para preservação das colheitas.
“Todas as etapas da cadeia só têm a ganhar com o uso da IA. A automação, especialmente por meio da inteligência artificial (IA), é uma forma de otimizar o processo e prever demandas e necessidades, como ajustes automáticos da moagem, previsão da demanda e otimização do estoque (etapa 5), ou análises sensoriais automatizadas e sugestões de harmonização (etapa 6) – a coleta e análise de dados de degustação são capazes de sugerir combinações perfeitas de café com alimentos e bebidas, proporcionando experiências personalizadas para os consumidores”, explica Emerson Lima.
Vale destacar que um dos principais desafios da indústria do café é a falta de rastreabilidade e transparência na cadeia de fornecimento. Para esse desafio, a tecnologia blockchain somada à inteligência artificial são grandes aliados. Blockchain é um mecanismo de banco de dados avançado que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. Um banco de dados blockchainarmazena dados em blocos interligados em uma cadeia. Cada transação é um bloco, e cada bloco é interligado ao anterior, e então formam uma corrente de informações.
Como exemplo de uso dessa tecnologia, a NKG, uma das maiores exportadoras brasileiras de café, implementou a plataforma TradeLens baseada em blockchain para rastrear a origem dos grãos de café desde a plantação até a xícara do consumidor. “Os resultados foram excelentes para o negócio”, comenta Emerson Lima. “A plataforma facilitou a comunicação entre a NKG e seus parceiros na cadeia de suprimentos, o que reduziu atrasos e otimizou processos de transportes.” A empresa estima que a plataforma TradeLens reduziu seus custos de transporte de café em até 15%.
Além disso, a tecnologia blockchain pode ajudar, também, no combate à fraude e falsificação dos grãos de café – grãos de baixa qualidade são misturados com grãos de alta qualidade, e produtos falsificados, vendidos como autênticos.
Para isso, soluções baseadas em blockchain, como a IBM Food Trust, permitem ue as empresas rastreiem e autentiquem seus produtos com fácil identificação do que é verdadeiro ou não. No entanto, é importante ter em mente que a implementação bem-sucedida da inteligência artificial requer um
planejamento cuidadoso e uma compreensão profunda dos processos de negócio da empresa. É necessário investir em tecnologia de ponta, capacitar a equipe e garantir a integração adequada dos sistemas para garantir resultados positivos a longo prazo.
“Os próprios CEOs podem ser agentes de mudança. A adoção de novas tecnologias idealizadas a partir do princípio da sustentabilidade, aliada a utilização da IA para reimaginar modelos de negócio, processos e soluções mais sustentáveis, farão com que a tecnologia seja cada vez mais utilizada de forma consciente em diversas áreas”, comenta o CEO da Sauter.
*Emerson Lima, fundador e CEO da Sauter – referência em serviços de Cloud, Gen AI, Engenharia de Softwares, Dados e cibersegurança. Atualmente, comanda um time com mais de 150 colaboradores e 300 clientes de todos os portes. Foi de zero a 64 milhões de faturamento em apenas três anos, totalmente bootstrap, ou seja, sem investimento externo.