ODS 17

ESG na raíz: porque as startups deep techs vão impulsionar os empreendimentos de impacto socioambiental no Brasil

ESG na raíz: porque as startups deep techs vão impulsionar os empreendimentos de impacto socioambiental no Brasil

Cada vez mais, a sociedade está compreendendo que não há mais como deixar a agenda ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) de lado. Além do impacto positivo para a população, segundo dados do estudo ESG Radar 2023, realizado pela consultoria global Infosys, 90% dos executivos afirmam que a adoção de políticas ESG trouxe retorno financeiro positivo. O estudo também aponta que até 2025, os investimentos em ESG por parte das empresas devem alcançar expressivos US$ 53 trilhões.

Nesse contexto, as deep techs, startups baseadas no desenvolvimento de tecnologias avançadas, se mostram essenciais para impulsionar os empreendimentos de impacto socioambiental no Brasil. Isso ocorre porque elas utilizam tecnologia de ponta para desenvolver soluções que, além de atender às demandas do mercado, abordam problemas enfrentados pela população.

Diante disso, Ana Calçado, presidente e CEO da Wylinka, organização sem fins lucrativos que tem como objetivo transformar o conhecimento científico em inovações que facilitem o dia a dia das pessoas promovendo o desenvolvimento econômico, sustentável e social do Brasil, comenta como as deep techs podem impulsionar os empreendimentos de impacto socioambiental no Brasil.

“As deep techs já nascem com propósitos ESG. Atuando dentro desse ecossistema, estamos presenciando diversos avanços no uso de tecnologias profundas para a resolução de questões socioambientais. Na prática, por exemplo, podemos observar o desenvolvimento de biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial, entre outras inovações que auxiliam na resolução de problemas relacionados à saúde, agricultura, biodiversidade, tratamento de resíduos, produção de energia, entre outros. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, que enfrenta muitos desafios, as deep techs são indispensáveis”, explica.

Ana comenta ainda sobre o desafio enfrentado pelas deep techs no Brasil.”Apesar da importância das deep techs para toda a população, fora da bolha, ainda não é um assunto muito conhecido por agentes que poderiam ser úteis ao seu desenvolvimento, então temos o papel de levar isso a eles. Por outro lado, felizmente, com o crescimento das práticas ESG, conseguimos observar o aumento do número de empresas que desejam conciliar o lucro com impacto positivo na sociedade”, ressalta Calçado.

Para Ana Hoffmann, Coordenadora do InovAtiva de Impacto Socioambiental pelo Impact Hub, as startups por si só já são responsáveis por mover a economia em direção a um futuro mais inovador e promissor. “Quando falamos especificamente de deep techs, que tem um olhar imersivo para os desafios complexos e urgentes da sociedade, temos a consciência de que qualquer grande transformação só acontecerá se as soluções desenvolvidas endereçarem questões para além do mercado, mas também socioeconômicas e ambientais”, pontua. 

“Enxergamos as deep techs como uma intersecção entre a ciência, a tecnologia e o impacto socioambiental. Mas esses negócios só prosperarão se forem criadas condições favoráveis para isso, tanto em termos de levantamento de recursos quanto capital intelectual para fazer a transição de uma pesquisa promissora (que ainda se encontra em ambiente acadêmico) para um mercado por muitas vezes hostil”, complementa a Coordenadora.

À medida que a conscientização ambiental e social ganha destaque em todo o mundo, o interesse por empresas que buscam gerar um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente está crescendo significativamente e isso também se reflete na visão de investidores. Nesse contexto, as deep techs, baseadas em conhecimento científico e engenharia, estão emergindo como uma área de investimento extremamente promissora para aqueles que buscam além do retorno financeiro, também um impacto transformador.

De acordo com Amure Pinho, fundador do Investidores.vc, uma plataforma de investimento em startups, o potencial disruptivo das deep techs de impacto socioambiental é uma das principais razões para o crescente interesse dos investidores. “Essas tecnologias têm a capacidade de revolucionar indústrias inteiras, desde energia até agricultura, passando por saúde e mobilidade urbana. Por exemplo, inteligência artificial, biotecnologia e energia renovável estão impulsionando mudanças significativas na abordagem de problemas complexos, como mudanças climáticas, escassez de recursos e saúde pública”, explica. Ele ainda destaca que as deep techs oferecem oportunidades de retornos de longo prazo, o que se torna atrativo para alguns investidores. 

Envolverde