O projeto Sanear: Marajó Sustentável é o resultado do compromisso do Banco do Brasil, da Fundação BB e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para promover inclusão socioprodutiva e melhoria na qualidade de vida de comunidades agroextrativistas do sudoeste da Ilha do Marajó, na Amazônia.
O projeto, iniciado em 2023, tem investimento social de R$ 8,7 milhões e é executado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). O recurso é destinado a apoiar 200 famílias, com 924 beneficiários diretos, sendo 311 crianças das cidades de Portel (PA) e Breves (PA) incorporadas à cadeia produtiva do açaí com a integração de tecnologias sociais.
Kleytton Morais, presidente da Fundação Banco do Brasil, destaca a importância de se conhecer as realidades locais do país. “O projeto Sanear Marajó Sustentável está ligado aos princípios da Solidariedade Econômica e do Cuidado Ambiental, que traz dignidade e água de qualidade para as famílias atendidas e, ainda, promove a geração de renda com o beneficiamento da produção do açaí. Tudo isso aliado à reaplicação de Tecnologias Sociais, promovendo transformação social em uma relação sustentável com a natureza”.
As ações planejadas do projeto contemplam:
- diagnóstico socioeconômico e ambiental;
- mobilização social das famílias participantes;
- capacitações de agentes multiplicadores nas Tecnologias Sociais Sanear: Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Cozinha Agroextrativista, com foco em gestão de empreendimentos comunitários, agroecologia e gênero;
- melhorar a qualidade de vida com a disponibilização de água de qualidade e saneamento básico para as comunidades marajoaras;
- contribuir com a estruturação da cadeia produtiva do açaí.
“A atuação do Fundo Amazônia nessa parceria com a Fundação Banco do Brasil na região já vem de longa data. Conhecer as necessidades e entender os desafios da população da região faz parte da agenda do Fundo e as parcerias para aprofundar cada vez mais este conhecimento são de extrema relevância para nossa atuação.”, afirma Nabil de Moura Kadri, Superintendente da área de Meio Ambiente do BNDES.
Para identificar as demandas e realizar a modelagem do projeto foram realizadas interações com a comunidade local. Além disto, durante a execução do projeto são realizados levantamentos para identificar famílias com perfil para receber as Tecnologias Sociais a serem implantadas. São realizadas mobilização, capacitações e apresentação de termos de consentimentos prévios das comunidades tradicionais participantes do projeto.
Tecnologias Sociais
As tecnologias sociais são metodologias e iniciativas que solucionam problemas com a participação das comunidades e que podem ser reaplicadas, com adaptações, em outros territórios e sem custos de direitos de uso. A Fundação Banco do Brasil atua, com apoio de parceiros institucionais, no processo de certificação e divulgação de Tecnologias Sociais desde 2001.
No projeto Sanear: Marajó Sustentável estão sendo reaplicadas 3 Tecnologias Sociais adaptadas à realidade do Território do Marajó (PA), voltadas ao esgoto sanitário, ao acesso à água para consumo humano, produção de alimentos e inclusão social e produtiva na Amazônia:
Sistema de Acesso à Água Pluvial para Consumo: proporciona acesso à água às famílias para consumo humano em quantidade e qualidade, por meio de captação da água da chuva ou de poço, e a construção de sanitários. Serão dois sistemas implementados: Pluvial Individual e Pluvial Comunitário.
O Sistema Pluvial Individual refere-se a um sistema de saneamento, captação e reserva de água de chuva, por meio de calhas instaladas nos telhados das casas.
Já o Sistema Pluvial Comunitário é composto por captação de água de fonte complementar (rio ou poço artesiano), com tratamento simplificado, reservatório comunitário e rede de distribuição de água. Inclui também uma caixa d´água, que capta água da chuva por calhas instaladas no telhado, banheiro (em placas pré-moldadas ou madeira) com fossa, 3 pontos de água (chuveiro, pia e vaso sanitário) e uma pia de cozinha.
Sistemas Agroflorestais (SAFs): são sistemas tradicionais de uso da terra que reúnem diferentes espécies de plantas e animais localizados próximos às moradias. São cultivadas espécies de plantas que proporcionam colheitas em diferentes épocas do ano, contribuindo para o fornecimento diversificado de produtos e sustento das famílias vulneráveis. São formados por plantas alimentícias, frutíferas e de cultivos anuais. Dependendo da localidade, é possível combinar o cultivo com a criação de animais, especialmente, galinhas, patos e suínos. Os SAFs serão adubados com os efluentes gerados pelo Sistema de Acesso à Água Pluvial para Consumo das Comunidades Extrativistas.
Cozinha Agroextrativista: unidades de cozinhas coletivas de beneficiamento da produção agroextrativista do açaí e promove melhorias nos processos produtivos. Possui ainda, biodigestor com geração de biogás e fossa ecológica.
O processo de beneficiamento de alimentos agrega valor ao produto quando preserva suas características naturais, o valor nutricional e a vida útil. Essas características proporcionam o acesso à mercados diversificados e melhor remuneração da produção.
O potencial de geração de renda da cadeia produtiva do açaí induziu as comunidades ribeirinhas a iniciar um esforço conjunto para recuperação dos açaizais nativos, em um processo de transição dos cultivos tradicionais para Sistemas Agroflorestais e agroecológicos.
Segurança hídrica e melhoria de vida
O projeto busca, por meio de metodologias inovadoras, trazer cidadania, ganhos produtivos e novo horizonte de expectativas de transformação social. A atuação é direcionada para levar às populações das comunidades atendidas no Território da Cidadania Marajó (PA), o atingimento de determinados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 30 da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; ODS 6 – Água Potável e Saneamento, ODS 1 – Erradicação da Pobreza, ODS 8 – Trabalho Descente e Crescimento Econômico, ODS 15 – Vida Terrestre e ODS 10 – Redução das Desigualdades.