Empresas

Tecnologia de classificação por sensores para incrementar a quantidade e qualidade do plástico recuperado

Judit Jansana
Judit Jansana

Como incrementar a quantidade de resíduos de plásticos que chegam às recicladoras e como conseguir a mais alta qualidade do produto final com soluções tecnologias avançadas foram os principais temas em debate da Conferência europeia de Reciclagem de Plásticos, que se realizou em Madrid, no dia 28 de outubro.

A TOMRA Sorting Recycling foi uma das empresas convidadas e Judit Jansana, Diretora Comercial para Espanha e Portugal, uma das oradoras principais nas sessões centrais da Conferência. Sob o tema “Potenciar a qualidade na linha de classificação”, focou-se em apresentar as melhores soluções que podem adoptar as instalações de recuperação de materiais (MFR, na sigla em inglês) para melhorar os processos de recuperação e reciclagem de papel, e assim obter um produto final que satisfaça e exceda as especificações de qualidade.

O uso da tecnologia de classificação por sensores para incrementar a quantidade e qualidade do plástico recuperado nas linhas de classificação foi o núcleo central da intervenção, que terminou com uma análise sobre as ameaças e oportunidades do setor do plástico.

Judit Jansana iniciou a sua intervenção com uma apresentação corporativa do Grupo TOMRA, que nasceu em 1972 com o desenho e fabrico de máquinas de devolução e retorno para a recolha automática de garrafas de bebida dentro do sistema de Devolução e Depósito (SSDR). Na atualidade, a TOMRA está cotada na bolsa de Oslo, com uns lucros em 2014 de 550 milhões de euros e 2.400 empregados em todo o mundo, e cria soluções baseadas em sensores para a otimização da produtividade dos recursos, ajudando os seus clientes a melhorar os seus resultados financeiros e a reduzir o seu impacto ambiental.

Continuou a descrever o esquema de trabalho das equipas de classificação da TOMRA dotados da tecnologia de sensores, que permitem identificar objetos no tapete de transporte, baseando-se na sua forma, tamanho, cor e tipo de material… para separá-los de forma precisa e rápida com jatos de ar ou dedos mecânicos, maximizando assim a eficiência da classificação. Para a classificação dos distintos resíduos os equipamentos dispõe de diferentes tecnologias de detecção, como câmaras, sensores raio-X, infravermelhos (NIR), espectrometria visível (VIS), sensores eletromagnéticos, etc.

Jansana expôs seguidamente várias possíveis formas de incrementar a quantidade de plásticos a recuperar. Como por exemplo, aumentando a recuperação nas próprias plantas de classificação de resíduos especialmente nas plantas de tratamento de restos de fração ou resíduos de massa (plantas de RSU) através da automatização da classificação em todos os fluxos de resíduos ricos em plásticos, para além do normal rolamento do fluxo de balística; e incrementando ainda mais a eficiência com um desenho ótimo dos processos, mediante do uso de equipas com simples bloqueadores de válvulas.

AUTOSORT_bJansana explicou também que é igualmente possível incrementar a qualidade do plástico obtido nas plantas de RSU, estendendo o processo atual com equipas de separação automática adicionais para a separação de PET multicapa ou para a classificação por cores (como a separação de PEAD natural do resto das cores, por exemplo), com um adequado desenho das linhas de tratamento, a base de equipas com sensores, que permitem separar o plásticos facilmente de outros resíduos e classificá-los por tipos, obtendo assim a máxima pureza e qualidade técnicas exigidas. Com a tecnologia de sensores, inclusivamente podem retirar-se os retardantes com base Bromo, conteúdos existentes em muitos produtos plásticos, precedentes dos resíduos elétricos e eletrônicos, hoje proibidos pela norma europeia. Judit Jansana ilustrou a sua exposição com exemplos gráficos de configurações de distintos equipas TOMRA nas linhas de classificação, para maximizar a eficiência na recuperação do material, tanto em quantidade como em qualidade.

Por último, referindo-se ao momento em que vive o setor, considerou que um dos principais desafios, especialmente no segmente dos RAEE, é poder garantir a máxima recuperação de resíduos e que recebam o tratamento nos centros de reciclagem adequando, evitando que o processo termine em países em desenvolvimento, onde a saúde e a segurança não são prioritárias.

Relativamente ao segmento dos resíduos de embalagens, estimou ser necessário um câmbio normativo para incentivar o desenho dos mesmos, misturas, materiais compostos ou aditivos, que facilitem a sua reciclagem no final da sua vida útil. Já as oportunidades do setor, Jansasa destacou o desenvolvimento de novas aplicações como PP, misturas de plásticos e multicapas.

A Conferência Europeia de Reciclagem de Papel é um fórum internacional dedicado à reciclagem de plástico, em que se expõe e se debatem as soluções e os desafios que enfrenta a indústria atualmente, representando assim mesmo uma oportunidade de estabelecer contato com os principais setores da indústria de reciclagem de plástico.