Escândalo da Volkswagen mostra o que indústria automobilística está disposta a fazer para encobrir os malefícios de seus produtos para a população e o meio ambiente
A Volkswagen admitiu utilizar softwares em seus carros a diesel para burlar os testes de emissões de poluentes nos Estados Unidos. Aparentemente, mais de 11 milhões de carros no mundo estão emitindo acima dos limites máximos. A notícia comprova o falso interesse das montadoras em fabricar veículos mais eficientes e que poluam menos.
A opção do governo brasileiro em adotar um modelo de desenvolvimento baseado no sistema rodoviário mostra suas consequências nas grandes cidades, que enfrentam níveis de emissões de poluentes atmosféricos e de gases de efeito estufa alarmantes, com milhares de pessoas sendo internadas diariamente com doenças respiratórias. O setor de transporte aumentou em 143% o número de emissões de gases de efeito estufa de 1990 a 2012, sendo o setor que mais cresce em números de emissões.
Estudo da COPPE/UFRJ encomendado pelo Greenpeace demonstrou que as emissões veiculares em 2030 poderiam ser 24% menores do que as atuais se houvesse padrões de eficiência energética rígidos no Brasil. Contudo, esse não tem sido o interesse nem da indústria automobilística e nem do governo federal, que continua a subsidiar montadoras no Brasil sem qualquer contraponto obrigatório para que a indústria produza carros tão eficientes como na Europa
O Greenpeace reforça, no dia mundial sem carro, que a melhor forma para reduzir o problema das emissões no Brasil é por meio de uma política voltada para o transporte público e não motorizado, com cidades feitas para pessoas, e não para carros. O automóvel não apenas tira o espaço das pessoas nas cidades, com congestionamentos, mas também contribui para a baixa qualidade do ar.
O caso Volkswagen serve para ficarmos atentos, já que mesmo quando há padrões rígidos a serem seguidos pelas montadoras, como nos Estado Unidos, elas usam artifícios para fraudá-lo. A solução para as cidades não é o carro, e sim transportes públicos de qualidade e espaços adequados para bicicletas, pedestres e outros modos ativos de transporte. E aí é que entra a sociedade civil para contra balancear o poder das montadoras. Será que é possível? Estamos apostando nisso. (Greenpeace Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.