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Votorantim e Governo propõem iniciativas de economia circular para São Paulo

Especialistas e Governo procuram soluções sustentáveis no coprocessamento. Foto: Arquivo Votorantim
Especialistas e Governo procuram soluções sustentáveis no coprocessamento. Foto: Arquivo Votorantim

Por Katherine Rivas, da Envolverde –

Com o Acordo de Paris a indústria brasileira procura desafios de transformação.

Para debater as diretrizes da indústria do futuro e o coprocessamento a Votorantim Cimentos reuniu empresas, especialistas e governo no evento “Diálogos”, que teve sua primeira edição nesta quinta-feira (13/10).

O evento faz parte das iniciativas de sustentabilidade e sociedade do grupo que já investiu 400 milhões em projetos da área. O objetivo é provocar o Brasil para avançar e ganhar o apoio do Poder Público. Além da primeira edição, acontecerá um ciclo de debates sobre diversos temas à procura de projetos e soluções.

Com a ratificação recente do Acordo de Paris no Brasil, no dia 12 de setembro, a indústria tem novos desafios. A principal transformação será a troca de combustíveis fósseis por fontes alternativas para alcançar as metas de emissão zero até 2050.

Presidente da FAPESP, José Goldemberg, afirma que estamos destinados a uma indústria de baixo carbono mesmo que a sociedade se oponha. “A indústria brasileira tem oportunidades por ser centralizada e diversificada. Mas o assunto é que as mudanças devem ocorrer, não precisamos de ideias revolucionarias para isso. A época do generalismo passou, estamos cansados e temos que ir em frente” defende.  Para Goldemberg toda transformação proposta pelo Acordo de Paris é factível exceto as questões de reflorestamento pelos seus custos elevados.

No Brasil, a responsabilidade das emissões por parte da indústria é de 2,6% e 50% do setor de energia.  Walter Dissinger, CEO Votorantim Cimentos, considera que a solução está no coprocesamento, tecnologia que utiliza resíduos sólidos como substitutos do combustível ou cimento.

Os especialistas avaliam que a tecnologia será a alavanca principal de transformação, mas precisa de um diálogo forte com a indústria, a sociedade e o governo.  Eles defendem que está na hora do Brasil resolver as questões ambientais por ser tarefa da sociedade e não da ONU.

Com o Acordo de Paris empresas precisam debater a industria do futuro. Foto: Arquivo Votorantim
Com o Acordo de Paris empresas precisam debater a industria do futuro. Foto: Arquivo Votorantim

Economia Circular e Governo

A Votorantim Cimentos debateu no encontro as novas perspectivas para a economia circular no estado de São Paulo. Com a participação do consultor e ambientalista, Fabio Feldmannn, e o Secretário Adjunto do Meio Ambiente de São Paulo, Antônio Velloso, foi discutido o coprocessamento como estratégia sustentável na indústria e nos projetos do Estado.

Com coprocessamento no ano 2015 a Votorantim Cimentos reduziu 300 mil toneladas de combustível fóssil, equivalente a 30 mil caminhões carregados de carbono. Diretor Global de Desenvolvimento Corporativo da Empresa, André Leitão afirma que a Votorantim substitui 20% do combustível fóssil na sua produção.

Fabio Feldman aponta que o principal problema da sociedade brasileira é o conflito ideológico do século XXI e do XIX e a dificuldade de organizar uma agenda a longo prazo.  O ambientalista vê com preocupação o futuro do Brasil e afirma que a economia circular só poderá ser aplicada quando consigamos ser organizemos.  Ele considera que é importante o coprocessamento se manter nesta linha. “O Brasil precisa implementar uma agenda nova. As democracias travam a sustentabilidade por causa do ciclo eleitoral. Por esse motivo quem deve liderar a mudança são o setor empresarial, a mídia e a academia. Precisamos de uma agenda para a sociedade e não para os políticos”, desabafa Feldman.

Ele cobrou das autoridades presentes a eliminação dos subsídios ao combustível fóssil e a agenda do petróleo. Feldman concorda com Goldemberg sobre a dificuldade do Brasil em cumprir suas metas na questão florestal.

Secretário do Meio Ambiente, Antônio Veloso, explicou que a missão do Governo hoje é a criação de políticas públicas que possam ser executadas pela iniciativa privada, especialmente sobre resíduos sólidos. Para Veloso, o setor privado entende melhor de gestão a longo prazo e conta com verba para projetos que Governo não consegue bancar. “Estamos de portas abertas para o diálogo.  No próximo ano também conseguiremos trabalhar em parceria com o governo municipal.  Mas atualmente vamos exercer o que for do nosso alcance. Nosso orçamento sofreu um recorte de 10% e estamos solucionando as prioridades”, diz.

A Votorantim apresentou ao público seu relatório de sustentabilidade 2015, reconhecido como o oitavo melhor no mundo. Até 2020 a Votorantim Cimentos afirma que reduzirá 40% do combustível fóssil.  O evento “Diálogos” está aberto a sugestões de temáticas e especialistas para os próximos debates, o público pode mandar suas dicas para o e-mail: [email protected]. (#Envolverde)