ODS 12

Os impactos da economia circular no sistema financeiro

A Ellen Macarthur Foundation, instituição especializada em geração de economia circular, mostrou que o movimento sobre a emissão anual de títulos corporativos e soberanos com foco na economia circular aumentou cinco vezes entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021.

Os impactos da economia circular no sistema financeiro

Por Mayr Camazano, superintendente de Engenharia, responsável pelo descarte sustentável na TecBan

O Brasil produz, em média, 90 milhões de toneladas de lixo por ano. Divulgada em 2023 pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a informação dá luz ao percentual que chama a atenção justamente por ser muito baixo: apenas 4% deste volume é reaproveitado.

O dado serve de alerta para todo o mercado, já que todo processo de trabalho de cada companhia impacta o meio ambiente: desde a água utilizada nas companhias, o descarte do lixo produzido, a emissão de carbono até o consumo de papéis, vestuários e equipamentos que utilizam variedade de materiais.

Como outros setores da economia, o sistema financeiro vive uma virada de chave sobre a questão da sustentabilidade nas suas operações. E a economia circular passa a fazer parte da estratégia de negócio, levando em conta os quatro pilares: redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Independente do investimento neste modelo de negócio sustentável, o retorno aumenta em receita, confiança e reputação.

Pesquisa da Ellen Macarthur Foundation

Uma pesquisa realizada pela Ellen Macarthur Foundation, instituição especializada em geração de economia circular, mostrou que o movimento sobre a emissão anual de títulos corporativos e soberanos com foco na economia circular aumentou cinco vezes entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021. Este número está colado a uma análise realizada pela Universidade Bocconi, com mais de 200 empresas europeias de capital aberto de 14 setores, mostrando que quanto mais circular a empresa, menor o risco de inadimplência da dívida e maior o retorno corrigido pelo risco de suas ações.

No sistema financeiro, a economia circular está presente em soluções que diminuem a pegada ambiental em variados contextos. Trago dois exemplos que estão presentes no dia a dia dos usuários: o comprovante bancário e os caixas eletrônicos (ATMs). Sobre o primeiro, temos empresas no mercado que adotam o uso da bobina térmica, conhecida também como bobina fitness, para a impressão dos comprovantes e, desta forma, conseguem reduzir o consumo de papel, chegando à economia de toneladas de matéria-prima, impactando, inclusive, na ponta da produção com a redução de água.

A TecBan, empresa responsável pelo Banco24Horas, adotou recentemente essa solução e conseguiu reduzir o consumo de papel em 13%, o que representa uma economia de aproximadamente 37 toneladas de materiais. A companhia também é referência na reciclagem de itens que compõem os caixas eletrônicos e na revitalização destes equipamentos. E graças a estes processos, os dispositivos passaram a ter uma vida útil de 19 anos, contra apenas cinco anos nos modelos utilizados pelo mercado. Deste 2018, a TecBan reciclou cerca de 1,5 mil toneladas de aço, vidro e plástico advindos de máquinas que, devido a fatores externos, não serão atualizadas.

Para além destes cases, há ainda uma série de boas e criativas soluções, que podem ser implementadas e realizadas pelas companhias a partir de planos que sustentem suas ações a longo prazo e que reverberam de forma positiva em todo o meio ambiente.

É uma jornada extensa, mas optar pelo caminho da economia circular é investir no equilíbrio entre o sistema econômico, a sociedade e o meio ambiente. A conta fecha e, neste caso, todos ganham: as companhias, o biossistema e nós que vivemos nesse mundo.

Mayr Ricardo Camazano é graduado em Administração pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) e possui pós-graduação em Administração de Serviços pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de 25 anos de experiência no ecossistema financeiro, atualmente ocupa o cargo de Superintendente de Engenharia da TecBan. É graduado em Administração pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) e pós-graduado em Administração de Serviços pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de 18 anos de experiência no ecossistema financeiro, atualmente ocupa o cargo de Superintendente de Engenharia da TecBan.

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