Ambiente

Indústria de higiene pessoal vai eliminar o uso de micropartículas plásticas sólidas insolúveis em produtos enxaguáveis

Setor assume compromisso voluntário de buscar alternativas de outros ingredientes, com função semelhante, mas biodegradáveis

Empresas brasileiras de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos assumiram o compromisso voluntário de substituir o uso de micropartículas plásticas sólidas insolúveis (MPSIs) por outros ingredientes com função semelhante, mas biodegradáveis, em produtos enxaguáveis, como os esfoliantes. Ainda que o impacto decorrente das micropartículas utilizadas nestes produtos seja muito pequeno, o setor decidiu eliminar o uso de MPSIs em sua fabricação, atendendo a um movimento global para redução da poluição oceânica, sem comprometer a qualidade e a segurança para os consumidores. Reino Unido, França, EUA e, mais recentemente, o Japão, já adotam medidas para proibir ou inibir o usos destes ingredientes em produtos cosméticos e de higiene pessoal.

As MPSIs são utilizadas na formulação de alguns produtos de cuidados pessoais e podem ser definidas como quaisquer partículas de plástico sólido, insolúveis em água, intencionalmente adicionadas (com tamanho igual ou menor que 5 mm), usadas para esfoliar ou limpar, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).

Peixes e alevinos comem micropartículas de plástico

Estudos independentes realizados internacionalmente comprovam ser muito baixo o impacto ambiental oriundo dos produtos cosméticos que utilizam estes ingredientes.  Relatório do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, por exemplo, intitulado Marine Plastics debris and microplastics (2016), conclui que “embora o uso de micro plásticos em produtos de cuidados pessoais possa parecer representar uma fonte significativa, é relativamente pequeno em comparação com outras fontes”. De acordo com estudos realizados na Europa, o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos contribui apenas com cerca de 0,1% a 1,5% dos microplásticos emitidos em todo o mundo.

O desafio para atender a este compromisso voluntario é grande, tendo em vista a complexidade em identificar outros ingredientes que sejam comprovadamente seguros e eficazes para o uso dos consumidores, destaca a ABIHPEC. Novas formulações e ingredientes necessitam ser avaliadas e testadas, bem como submetidos às exigências legais que normatizam este segmento. Apesar das dificuldades, a indústria pretende que a contribuição do setor seja reduzida, eliminando o uso de micropartículas plásticas sólidas insolúveis em produtos enxaguáveis até 2021.