Sociedade

Mulheres quilombolas relatam em livro como é vivenciar e resistir à pandemia da Covid-19

A Comissão Pró-Índio lançou hoje o livro “Retratos da Pandemia – Perspectivas das mulheres quilombolas”, uma obra coletiva que conta com artigos de três autoras quilombolas e depoimentos coletados junto à 24 mulheres quilombolas que residem no interior do Pará, em Oriximiná e Óbidos, municípios que, desde novembro de 2021, enfrentam o crescimento vertiginoso de novos casos de Covid-19, situação descrita como uma “terceira onda” da pandemia.

Na nova publicação, mulheres quilombolas relatam como é vivenciar a pandemia nas suas comunidades rurais e descrevem as diversas iniciativas do movimento quilombola para enfrentar essa situação inédita e desafiadora. Iniciativas como as da Conaq – Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas que resultou na decisão do Supremo Tribunal Federal determinando que o governo federal apresentasse plano de enfrentamento à Covid-19 nos quilombos, além de assegurar a prioridade de sua vacinação.

O livro pode ser baixado gratuitamente no site da Comissão Pró-Índio

O livro nos traz um olhar feminino sobre a pandemia nos quilombos.  Os depoimentos das mulheres quilombolas em Óbidos e Oriximiná foram registrados pela Comissão Pró-Índio em meses de conversas virtuais entre novembro de 2020 e junho de 2021. Wanderly de Aquino Andrade, do quilombo Muratubinha em Óbidos, avalia a experiência “foi muito bom, mas no início eu fiquei um pouco emocionada. Eu gravava os áudios, aí, eu parava um pouco, porque eu relatava o que estava sentindo no momento”.

Eu fiquei muito agradecida de poder estar participando e colocando a minha voz para que todo mundo soubesse quais eram os nossos pensamentos aqui na comunidade, o que a gente sofreu, como isso impactou a gente” relata Maielza dos Santos Souza, uma das mulheres de Oriximiná que contribuiu com o livro. Ela nos conta qual a importância da publicação “eu acho que esse livro vai servir para a gente conseguir refletir e para a gente conseguir se fortalecer na luta”. É uma luta que continua e precisa, de fato, ser fortalecida nesse momento em que a região vive o aumento preocupante de casos da Covid-19 numa população com baixa vacinação.

Os artigos de autoria de três mulheres quilombolas apresentam um panorama da importante mobilização de diferentes organizações quilombolas diante da pandemia. No seu artigo, Andreia Nazareno dos Santos relata as iniciativas da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Entre elas, a proposição de ação judicial no Supremo Tribunal Federal. Foi uma decisão favorável do STF que estabeleceu que o governo federal deveria apresentar um plano de enfrentamento à Covid-19 nos quilombos, além de assegurar a prioridade de vacinação.

Já Érica Monteiro descreve como foi a atuação da Malungu-Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará, destacando que a pandemia exigiu um esforço de reinvenção do movimento para adaptar-se a uma situação inédita. Ela descreve as diversas iniciativas da Malungu como o apoio emergencial (distribuição de cestas básicas, kit de higiene e remédios) e os esforços para garantir que as vacinas chegassem até os quilombos paraenses.

O terceiro artigo é de Claudinete Cole de Souza que destaca que a principal preocupação da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO) foi garantir as condições para que os quilombolas pudessem cumprir o isolamento social.

Nossa atuação

O livro Retratos da Pandemia: Perspectivas das mulheres quilombolas é uma das iniciativas desenvolvidas pela Comissão Pró-Índio com o objetivo de fortalecer as mulheres quilombolas e ribeirinhas nos municípios de Óbidos e Oriximiná, onde atua desde 1989.

Na pandemia, essa linha de ação inclui também a promoção de rodas de conversas virtuais entre mulheres e o desenvolvimento de campanhas de informação e prevenção à Covid-19 nas comunidades.

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