Copa Elas Jogam mobiliza mais de 300 meninas em São Paulo e reforça importância do o futuro do futebol feminino
Torneio de base ocorre em um momento de expectativa para o Mundial Feminino de 2027 no Brasil e de novos investimentos na modalidade. Nos dias 4 e 5 de outubro, a Nossa Arena, em São Paulo, recebeu mais de 300 meninas nas categorias Sub-15 e Sub-17 para a fase de grupos da Copa Elas Jogam, torneio gratuito e independente voltado ao fortalecimento do futebol feminino de base.
Idealizada por Gabriela Sabino, jornalista e gestora pública, a Copa é realizada pelo Instituto Envolverde em parceria com o Ministério do Esporte e apoio do Instituto Futuro em Jogo. A proposta é simples e potente: oferecer estrutura, visibilidade e incentivo para meninas que desejam seguir no esporte — em um país onde as oportunidades para o futebol feminino ainda são desiguais.
Cada atleta recebeu um kit com alimentação, caneleiras, squeeze e coletor menstrual, e todos os times ganharão uniformes personalizados. Para Sabino, o torneio vai além da competição: “Queremos que essas meninas se sintam capazes, que entendam que o campo também é um espaço delas”, afirma.
As semifinais e finais acontecem nos dias 25 e 26 de outubro, novamente na Nossa Arena, com entrada gratuita.
Um novo cenário para o futebol feminino
A realização da Copa Elas Jogam coincide com um momento de atenção crescente ao futebol feminino no país. Em maio de 2024, a FIFA confirmou o Brasil como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, que será disputada entre 24 de junho e 25 de julho em oito capitais: Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Recife (FIFA.com, Senado Notícias).
O anúncio reforçou o interesse de clubes e instituições em ampliar investimentos na modalidade. A CBF, por exemplo, anunciou um aumento de 20% nas cotas do Brasileirão Feminino A1 para 2025, buscando maior equilíbrio competitivo (CNN Brasil). Clubes como o Grêmio também vêm ampliando orçamentos: o investimento no time feminino passou de cerca de R$ 8 milhões em 2023 para R$ 15,9 milhões em 2025 (ge.globo.com).
Ainda assim, a distância entre o topo e a base continua grande. De acordo com a UNESCO, 49% das meninas abandonam o esporte na adolescência, taxa seis vezes maior que a dos meninos. Globalmente, apenas 4% da cobertura esportiva é dedicada a modalidades femininas — apesar de as mulheres representarem 40% das pessoas que praticam esportes.
As classificadas e o que está por vir
Na categoria Sub-15, estão nas semifinais: Em Busca de uma Estrela, Helenense, Pelado Real Futebol Clube e Seleção Chute Inicial Corinthians.
Na Sub-17, avançaram: Esporte Clube Santa Rosa, Sociedade Esportiva Lemense, Tiger F.C. Academia de Futebol e Sesi.
A competição conta também com o apoio de Suleima Sena (jornalista e fundadora do Donas FC), Gabriela Martins (apresentadora e comentarista esportiva) e Sandra Santos (cofundadora do Instituto Brasileiro de Futebol Feminino), que atuam como madrinhas do torneio.
Futebol e transformação
Durante quase quatro décadas, o futebol feminino foi proibido por lei no Brasil (1941–1979). Desde então, avanços importantes vêm sendo conquistados, mas a desigualdade estrutural persiste. Para que o Mundial de 2027 deixe um legado duradouro, especialistas apontam que é preciso fortalecer as categorias de base e ampliar o acesso de meninas ao esporte.
Iniciativas independentes como a Copa Elas Jogam ajudam a preencher essas lacunas, conectando o esporte a temas como educação, dignidade menstrual e igualdade de gênero. São torneios assim que transformam a ideia de futuro em prática — um campo de oportunidades onde o jogo, finalmente, é para todas.
Serviço
Semifinais e finais da Copa Elas Jogam
Quando: 25 e 26 de outubro
Onde: Nossa Arena – Rua sem saída, 200 (acesso pela Av. Nicolas Boer, 100) – Parque Industrial Tomas Edson – São Paulo/SP
Entrada gratuita
Saiba mais: www.copaelasjogam.com.br
Realização: Instituto Envolverde e Ministério do Esporte
Apoio: Instituto Futuro em Jogo
Envolverde
