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Sem água e sem energia, este é o mundo sem florestas

Por Neuza Àrbocz, Especial para Envolverde – Quando o Pantanal e a Amazônia ardem em chamas, os que observam a Natureza e seus ciclos sabem que enfrentaremos estiagem e seca em um curto espaço de tempo.

Atualizado em 24/08/2021 às 21:08, por Neuza Arbocz.

Por Neuza Àrbocz, Especial para Envolverde –

Quando o Pantanal e a Amazônia ardem em chamas, os que observam a Natureza e seus ciclos sabem que enfrentaremos estiagem e seca em um curto espaço de tempo. Sem o fenômeno dos “rios voadores”, formados a partir da umidade e das partículas que as árvores soltam no ar, ficamos sem chuva.

Mesmo assim, desde 2020, o Brasil enfrenta um ritmo acelerado de desmatamento e o mais recente relatório do Map Biomas – que consolida dados de cinco sistemas de monitoramento – apurou um aumento na destruição das áreas naturais em todo o país, com a perda equivalente a 24 árvores por segundo.

As consequências já se fazem sentir e esta semana, o governo federal autorizou o plano de racionamento de energia para grandes consumidores e a Sabesp já colocou São Paulo em estado de alerta devido ao baixo nível de suas represas.

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“Nós já estamos em uma crise hídrica. Os indicadores mostram uma redução significativa no volume de chuvas e no armazenamento de água ao longo dos meses deste ano. Hoje, nós temos 20% menos água do que o mesmo período em 2013, ano que antecedeu a crise”, avaliou Pedro Luiz Côrtes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, em entrevista ao jornal da universidade.

Com reservatórios baixos, as hidrelétricas, responsáveis por cerca de 70% de toda energia do país, reduzem sua produção e acionam-se mais termelétricas, movidas à queima de gás, carvão ou biomassa. Medida que, ao longo do tempo, agrava o quadro por jogar mais poluentes na atmosfera e provocar ainda mais desequilíbrio. Um desafio que o Brasil ainda não resolve, pois parte de sua população acredita em “queimar o mato” – ou arrasá-lo com correntões e tratores, para colocar em seu lugar, boi e pasto. O país atingiu a marca de 215 milhões de cabeças de gado este ano, que serão, na sua maioria, devorados em inconsequentes churrascos, deixando um rastro de terras exauridas e improdutivas atrás de si, no decorrer do tempo.

Ao analisar 74.218 alertas de desmatamento, o Map Biomas detectou que 99% deles ocorrem na ilegalidade e sobre áreas protegidas. “Em mais de dois terços dos casos, é possível saber quem é o responsável. É preciso que os órgãos de controle autuem e embarguem as áreas desmatadas ilegalmente e as empresas eliminem essas áreas de suas cadeias de produção”, recomendou Tasso Azevedo, coordenador-geral do Map Biomas, em entrevista ao canal RBA. Um outro estudo da entidade, com a análise de imagens de satélite de todo o território nacional entre 1985 e 2020, descobriu que a superfície coberta por água no Brasil se reduziu em 15,7% desde o início dos anos 90.

Temos pouco tempo para agir. Felizmente, outra parcela da população, ciente desta realidade, trabalha para a restauração florestal e recomposição de APPs (áreas de preservação permanente) e reservas legais. Iniciativas como as agroflorestas, difundidas a partir do pioneiro Ernst Gostch, a agricultura regenerativa, como aplicada pela Renature, e os consórcios iLPF – Integração Lavoura, Pecuária e Florestas, incentivados pela Embrapa, abrem caminhos para a produção responsável de alimentos para a população humana, em equilíbrio com os ciclos naturais do planeta. É chegada a hora de todos tomarem partido neste embate e fazerem suas escolhas. Os hábitos de consumo de cada um são a ponta final de todas as boas ou más práticas no campo.

De que lado você está?

 

Imagem de destaque: Karen Nadine por Pixabay 

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Neuza Arbocz

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