Diversos

A medalha de ouro olímpica deve ir para a sustentabilidade

Por Flávia Pini *

Entre atletas, treinadores e dirigentes esportivos, a cidade do Rio de Janeiro deve receber 28,5 mil pessoas em agosto para a realização dos Jogos Olímpicos de Verão. Considerado o principal evento esportivo do planeta, deve mobilizar milhões de torcedores no Brasil e no mundo com as competições. Contudo, passada a euforia do público, o país e a cidade-sede costumam ficar com uma enorme conta ambiental para arcar no futuro. É esse o desafio que o Brasil precisa superar nos próximos meses para conseguir fazer uma Olimpíada totalmente sustentável.

As projeções são preocupantes: o Comitê Organizador espera gerar 17 mil toneladas de resíduos sólidos, consumir 23,5 milhões de litros de combustível, gastar 29,5 gigawatts de energia elétrica e emitir 3,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente. Para compensar estes números, algumas medidas já foram tomadas, como a utilização de biocombustíveis, centros de reciclagem e, principalmente, a tecnologia para neutralizar os impactos de CO2 proveniente dos Jogos.

É uma missão difícil, mas necessária. Resgatado e remodelado por Pierre de Coubertin em 1896, os Jogos Olímpicos da Era Moderna cresceram ao longo do século 20, mas sem ter uma preocupação real com os recursos naturais e a sociedade das cidades que abrigavam as disputas. Muitas delas enfrentaram grandes problemas antes, durante e depois do evento. A cidade canadense de Montreal, por exemplo, organizou os Jogos de 1976 e só quitou as dívidas três décadas depois. Já Albertville, nos alpes franceses, sediou a competição de inverno em 1992 e viu ambientalistas denunciaram graves danos nos resorts de esqui que circundam o local.

Foi apenas em 1994 que o Comitê Olímpico Internacional decidiu incluir a expressão “sustentabilidade” na cartilha das cidades-sedes – incorporando, em grande parte, a Agenda 21 debatida na Rio-92, um marco na discussão sobre meio ambiente e desenvolvimento. Alguns avanços foram alcançados nestas duas décadas, como o descarte adequado do lixo gerado nas competições esportivas, mas outros pontos ainda precisam ser resolvidos, sobretudo no legado social pós-Olimpíada sobre mobilidade urbana e edifícios sustentáveis.

Por envolver a paixão, emoção e alegria, os Jogos Olímpicos ainda exercem grande influência no imaginário popular e, dessa forma, precisam dar o exemplo na questão ambiental.  Esporte e sustentabilidade andam lado a lado e compartilham ideias de valorização do ser humano e da vida saudável. No caso brasileiro esta situação é ainda mais complexa: o país é reconhecido internacionalmente pelas suas belezas naturais e por sua diversidade de fauna e flora. Assim, a competição no Rio de Janeiro deve ser um exemplo na realização da Olimpíada mais verde da história.

* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país.