Diversos

A política não é um jogo de futebol

Por Leno F. Silva* 

Talvez não seja exagero dizer que quase 100% do eleitorado é, com visões distintas, contra a corrupção, principalmente graças à existência de mais de dois mil processos investigados pela Polícia Federal nos anos recentes.

Também sabemos que a relação promíscua envolvendo empresários e servidores públicos é sistêmica, e esse desvio ético de comportamento é praticado por muitos cidadãos no cotidiano em diferentes situações e sem qualquer constrangimento.

No contexto em que essa podridão vem à tona graças à liberdade de expressão conquistada pela luta de muitos brasileiros, quaisquer manifestações pacíficas são bem-vindas e servem como instrumentos de pressão legítimos para cobrar responsabilidades de todos os que estão comprovadamente envolvidos nesses esquemas ilícitos de desvios de recursos.

O governo federal está sob pressão de todos os lados, e o velho PMDB de sempre já disse que abandonará o barco. Livre desse falso “aliado”, com conhecimento das críticas e da necessidade de reverter esse cenário dramático, é provável que a presidenta Dilma tenha a oportunidade agir para fortalecer o nosso jovem regime democrático.

Primeiro recompondo completamente o seu ministério, convidando para ocupar esses cargos cidadãos com reconhecida capacidade técnica, postura de servidor genuíno e comprometido em oferecer o melhor para a população desse País.

Segundo, estabelecendo um prazo mínimo para apresentar um novo plano de governo que aponte soluções nas esferas econômica, social e ambiental, preservando os avanços proporcionados às classes menos favorecidas, dentre outras medidas as quais estimulem a produção, a empregabilidade, o empreendedorismo, além de sinalizar investimentos em educação, saúde e infraestrutura.

Como uma terceira iniciativa a Dilma poderia, até 2018, liderar a construção do Plano Brasil 2050, um projeto de Estado, apartidário, desenvolvido com a participação lideranças e da sociedade, e que nos aponte para qual Nação queremos ser, e que País deixaremos para ser cuidado pelas próximas gerações.

Essas hipóteses podem ser utópicas, mas talvez a partir delas sejamos desafiados a não mais tratar a política como se estivéssemos numa partida de futebol e chegaríamos à conclusão de que somos hoje resultado das escolhas que fizemos, e que o caos atual, se enfrentado como coragem, serenidade, e se forem atacadas as verdadeiras raízes dos nossos problemas, teremos a possibilidade de dar início a um ciclo virtuoso e benéfico para toda a nossa gente. Por aqui, fico. Até a próxima. (#Envolverde)

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.