No alto da floresta tropical, em alguns locais escolhidos pelo dedo da natureza, a terra é invadida pelo Rio Amazonas. Suas águas chegam a roçar as “cabeleiras” altas das árvores.
– Vem almoçar! – gritou a mãe para a mocinha, que dava milho às galinhas.
Durante um período de até seis meses, a terra do Alto Amazonas é fertilizada com os ricos organismos que a penetram, preparando-a para o plantio dos moradores ribeirinhos, para alimentar milhares de bocas famintas, muitas delas paupérrimas.
– Tô iiindo! – respondeu a moça de pele morena, de uns 15 anos. Jogou o resto do milho depressa, e abaixou as saias cobrindo as pernas torneadas.
Foi nesse tempo de cheia, de espera pela entressafra, que essa história começou. Aqui e acolá, de repente, como saído de um conto de fadas, o boto cor-de-rosa apareceu, pulando em arcos a paisagem.
– Deixa um pouco pra mim! – gritou a moça, enquanto disputava um lugar à mesa com seis irmãos.
Ali perto, o corpo avantajado do boto, de mais de dois metros e recheado com 150 quilos de carne escarlate, singra as águas do rio.
– Deixa ela sentar! – resmungou o pai aos filhos. Na mesa era só arroz e feijão. Tempos de poluição e pouco peixe.
Na cola do boto rosa, um outro boto preto que nem carvão, “chinela” nas águas. Forma uma trilha de rodelas brilhantes por onde afunda. O musgo encobre as valas como um tapete verde flutuante e visguento.
– Não tem comida aqui! – exclama a moça, olhando inconformada as panelas amassadas, onde só tinha raspa.
Os dois botos pareciam disputar petisco. Gotas rosa e negra descomunais alternavam o seu plunft… plunft… plunft…, desviando agilmente do emaranhado de gravetos e troncos, salpicados no caminho aquático.
– Pega o que tem e para de reclamar! – ralha a mãe.
Um salto colossal do boto rosa dá vantagem sobre o boto preto, chamado pelos habitantes de tucuxi. O rosa é engolido pela água verdolenga, que o cospe logo com um brilhante peixinho ao bico, deixando o amigo no seco.
– Mas estou com muita fome, resmunga a menina. A mãe investiga a filha de soslaio. Nota que está bem mais gordinha e se punha a comer como nunca.
Sintonizados em outra, os amigos pulam alegres rumo ao leito aberto do rio, até o boto sentir falta do tucuxi. Olha para trás, espreme os olhos, quase não via nada. Já perdera boa parte da visão dos ancestrais golfinhos marinhos que vieram para cá há uns 15 milhões de anos – as águas barrentas, na adaptação, fizera uns estragos com o tempo.
– E essa barriga aí? – estocou a mãe para a filha, ao que todos na mesa pararam de comer.
O boto rosa tem uma arma secreta. Produz uns estalitos de alta frequência. Da parte gorda da sua cabeça, o chamado “melão”, sai uma onda supersônica. Bate nas coisas em frente. Volta como eco dando visão exata do mapa à sua volta. Afinal, a natureza sempre dá jeito de resolver os acidentes de percurso.
– Não sei de nada – responde a menina, perdendo o rumo da colher, que cai no prato de alumínio, soando como um sino.
– Blémmmmmm….
No fundo do rio, um cemitério fantasmagórico com carcaças de botos aparece debaixo das águas. Como aranhas presas em teias vegetais se desfiam na planície alagada. Lamenta, pois botos são criaturas dóceis, e também sentem.
– Levanta já!!! – grita o pai, sob os olhares arregalados de todos: – Quero ver essa barriga direito!
O boto rosa volta à superfície. Se excita com a brincadeira de pegar o tucuxi. Emitindo ondas sonoras, logo encontra o amigo. Um pouco deselegante, quase de ponta cabeça. Bastante machucado por se debater, luta por se safar das plantas, estando já quase sem ar.
– Pai, eu não tenho culpa! – diz a menina ofegante, olhos negros brilhantes, enquanto puxava a blusa, na vã tentativa de encobrir a proeminente barriga.
O boto rosa é prestativo. É tido como cão pastor do Amazonas, por ajudar os pescadores a juntar a pesca. Claro que tinha gente que achava que eles só estragavam tudo. Mas das histórias que dão conta, salva muitas vidas de náufragos em desespero. As más línguas dizem que dá preferência às mulheres.
– Quem foi o desgraçado?! – vocifera o pai, cerrando o punho e batendo na mesa num estrondo ameaçador. A mãe contém os irmãos prontos para o bote na irmã.
– Faaala, menina! – berra o pai uma vez mais, enquanto o irmão mais velho a sacode pelo braço.
Tem gente que diz que o boto não liga para essas besteiras de sexo: simplesmente ajuda alguém. Apesar de ser prestativo e amigável, isso não o salva da má fama. Tem quem o veja como capeta, “uma peste”, dizem. Vai entender…
– Foi o boto! – diz a menina por fim, lutando para se livrar do safanão. – Foi ele que me abusou, paizinho.
Com o bico longo, dentes afiados como serrote, o boto rosa mergulha e acha o tucuxi. Ele está aflito. Gira a cabeça para afastar as plantas. Usa a nadadeira para tirar os gravetos e libertar o amigo. Porém, um espinho rasga sua pele. O sangue sai como cabelo de Medusa, cobras vermelhas se esticando.
O pai, indeciso, no meio da sala: – O boto? grunhiu. – Pois foi o boto, diz a moça, com a carinha mais santa do mundo.
O boto fez uma careta. Dor no baixo ventre. Talvez do esforço ou do peixe que comeu. Nadou daí, pontilhando um colar de bolinhas coloridas no caminho. Sim, esses mamíferos, de sangue quente como o nosso, da família dos cetáceos (baleias e golfinhos), soltam pum sim senhor, e até que dão um arzinho onírico ao contexto.
– Diz onde esse sedutor te pegou! – fala o pai, pegando com firmeza os cabelos da filha.
Na retaguarda do boto rosa, o tucuxi se lamentava. O via mais como um dirigível-borbulhante-desagradável – aliás.
– Foi beirada do rio, paizinho… ele me enganou… todo bonitão com seu chapéu branco.
Para quem entende golfinês, o tucuxi, na cola do rosa, dizia algo como: “Por que esse cara sempre leva a melhor?”
– Maldito chapéu! Maldito boto! – berra o pai, que era pescador.
Em vão os esforços de driblar a artilharia pesada. Em golfinez, agora o tucuxi dizia algo como: “Me erra… me erra!”
Na roda de amigos, pouco tempo depois, o pai conta a triste história. Teve quem riu e pensou: “tem pai que é cego”. Outros só suspiravam, entediados, com mais uma história de pescador dando conta de tantos “filhos de botos” no povoado. A maioria, porém, não tinha menor dúvida. O boto desonra suas mulheres. Assim ouviram tantas vezes nas rodas de fogueira: o boto é safado!
Detrás das cortinas da floresta amazônica… Botos! Botos! Botos! Pulam pra lá e pra cá! Exibem seus bailados alados! Piruetas!… Saltos rosas em raios! Um show particular!
Foi desde esse dia que o pobre pescador passou a jurar, aos quatro cantos do Amazonas, que sua filha, Lindalva Natalina Ferreira dos Santos, tinha sido mais uma das vítimas do Don Juan do Amazonas: o boto cor-de-rosa.
– Aquele SAFADOOOooo!!! – ecoou o grito do pai pela selva afora, tomado por um ataque de fúria, enquanto pegava as armas com os filhos para dar cabo do terrível sedutor.
A lenda é a lei
Reza a lenda que, em noites de lua cheia, nas festas juninas, o boto cor-de-rosa se transforma. Na parte de cima vira homem. Embaixo, continua animal… e dos mais indecentes. Todo sedutor, a criatura usa um chapéu branco para esconder o orifício na cabeça, por onde respira.
O boto e o tucuxi caem no festão. Alegria pega fogo na água. Uma “botinha” linda “paga pau”. Aliás, o boto era jeitoso. Tinha um rosa interessante, com manchas cinzas. Contava pontos seu laranja brilhante debaixo d’água. Tudo de bom!!! Ainda mais para a “botinha” de sete anos em questão, prontinha para dar botinhos à natureza.
Armados até os dentes, o pai e os seis filhos entram na canoa para capar um boto safado.
O boto invade as rodas de danças em busca da escolhida. Geralmente caça as bonitas, não importa se solteiras ou casadas. Sensual, não tira os olhos hipnóticos da jovem. Mostra interesse e paixão (só elogios e sorrisos), dança grudado e divinamente bem.
Ela examina de cabo a rabo. O boto dá piruetas, se exibe no jogo rosa do amor. Parece que vai rolar. Mas vem um outro boto, fura olho, interessante e mela tudo. Ele dá saltos múltiplos, parecendo uma voadeira. Nessa, o boto rosa dançou.
– É hoje que esse cabra safado do boto vai dançar! – bradou o pai, remedado pelos filhos… ééé… dançar… dançar… dançar.
O boto fala pouco. Seu suspiro derrama desejo no ouvido. É irresistível seu cheiro. Quando percebe, a moça já está no mato e no papo, em carícias e beijos loucos. Ele tem magia doce e desejável. Quase em estado de sonho, ela se liberta das roupas, e entrega sua virgindade e alma sem pensar.
Ondulando o corpo, num vai e vem rápido, acima d’água, o boto nada como se estivesse numa relação sexual. Olhar meigo, sangue quente, pele rosa, os botos têm órgãos sexuais semelhantes aos dos humanos.
– Eu sempre avisava: ”Toma cuidado com o boto, Lindalva, ele é safado”, choramingava agora o pai, envolvendo os filhos em olhares inconsoláveis.
A fêmea do boto não fica atrás. Sedutora, dizem, enlouquece os pescadores na beirada do rio, e além de quente tem lubrificação. A semelhança de como nadam, com as artes do sexo, apimentou o imaginário popular, de que botos seriam exímios amantes… e safados!
– Meus fio… cuidado… não vão coisar com a muié do boto – falou o velho pescador, ao que todos se benzeram, no cochicho de cruz-credo.
Depois de “fazer a caveira do boto”, o acerto de contas costuma ser um pulinho. Ex-namorados ciumentos e pais vingativos promovem a tal caça às bruxas. Versão tupiniquim? “Acabar com o boto safado”.
A linda “botinha” cinza correu para o boto exibido, deixando o boto rosa inconformado.
– Não é hora de chorar, meu pai, falou o irmão mais velho. Esse sem vergonha abusou, fez mal e deflorou nossas mulheres… Vamo furá um boto hoje! – berrou, enquanto fincava o remo com força na água.
O rosa se chateou só até o tucuxi passar atrás de um lagostim. Então, começou uma disputa irada. O boto sabia que hoje era o dia dele…
O tititi do vilarejo é que, revoltados com algum paquerador nas festas, maridos ou familiares apontam o boto como o assassino. Assim, quando os “inconvenientes” surgem inertes perto do rio, quem é o assassino? Claro, o safado do boto!
Está valendo tudo na perseguição ao peixe nessa temporada! Cabeçada, rabada, cercada, pulada… um fuzuê delicioso!
– Boto desgraçado! simbila o filho mais novo. Ao que todos no barco respondem num vozerão: Boto safado!
Os botos aprenderam a viver na água doce. Certamente, nunca imaginaram o que experimentariam agora. Quando o mar recuou dali, ficaram na bacia amazônica, dando adeus aos golfinhos oceânicos, para viver o sal da ignorância dos homens.
Valia tudo na arte da caça. Inclusive o golpe baixo dos puns. O boto rosa estava impossível, deixando o tucuxi atordoado, e o amigo com mais munição para novas estripulias.
– Vamos acabar com ele! – o menino, intrépido, dá o grito de guerra, já pensando em estrear seu facão novo. – Simbora! – berrou o pai. O grupo ativou o ritmo dos remos, tomados pela comoção que sentiram. – Hoje o safado não escapa!
Minha senhora! Resolve solidão, reprime menina fogosa, livra amante de morte. Safa a cara dos pervertidos. Absolve assassinos, que se vingam dos engraçadinhos nas festas. Por cima de tudo, ainda dá dinheiro para a comunidade. Vai um boto safado aí, minha genteee?
A “botinha” passa novamente no radar do boto rosa. Ele esquece da comida. Do seu cinto de poder, saca a segunda arma ultra-secreta-infalível… o máximo da arte de sedução. Aí, sim, tudo comprovado e catalogado cientificamente. Já falo o verdadeiro segredo do tcham do boto cor-de-rosa!
O barco dos pescadores sai do afluente e entra no Rio Amazonas. Lá estavam eles! Os botos! Saltitantes e safados, nadando naquela pouca vergonha.
Se não bastasse a onda de insensatez e vingança que abate os botos, uma indústria profissional comercializa suas partes. A suposta potência sexual do golfinho do amazonas, exerce atração popular. Todos querem ter seu charme e poder sedutor. Ainda que isso reserve ao boto uma morte terrível. “Ele é safado, tanto melhor.”
O boto rosa desaparece nas águas, depois de um pinote fabuloso. Quando desponta de novo, todos os outros botos que nadam por ali ficam admirados. A “botinha” linda deixa cair o queixo. O boto rival se encolhe na água. O tucuxi diz em golfinez: “Esse é o caraaa!!!”.
– Eu sabia que achava esse cabra safado, rosnou o pai, pegando a faca. Os filhos com arpões tomam posição e a canoa avança rapidamente.
Olhos, mandíbula e órgãos sexuais dos botos são vendidos como amuletos nas feiras do Norte e Nordeste do Brasil. Seus testículos viram poções afrodisíacas, com promessas de magia sexual e poder de sedução para barbados e rabos de saias.
Apoteótico! Fascinante! Explendido! Viajante! Sexy! Extra! O boto cor-de-rosa desfila… tcham… tcham… tchammm… Com uma vistosa pedra vermelha no seu longo bicooo!!! Proeza só comparada ao macaco e homem, únicos que se servem de um objeto para “causar”. A fêmea caiu no xaveco. Aquilo era o máximo! Ah… esse boto tinha pegada… ôôô…. se tinha.
A canoa diminuiu a velocidade quando os pescadores chegaram perto de onde estavam os botos. Havia mais uns três barcos ali. Os pássaros aguardavam as sobras da pescaria, sobrevoando o lugar.
Muitos botos ainda encontram o fim em acidentes, presos em redes de pescadores, hélices de barcos. Algumas vezes ficam emaranhados, e morrem afogados. Em outras, do mercúrio liberado nos garimpos.
Os jovens botos, apaixonados, agora saltitam para lá e para cá. É do carvalho! A floresta está encantada! O amor está na água! E o boto, alegre que só.
O irmão mais moço lançou o arpão, mas errou. O boto, numa manobra, vazou pra debaixo do barco. Então, o mais velho lançou rede. Quando puxou, veio junto o boto. “Já era”, falou a mulher do barco ao lado.
As fêmeas do boto cor-de-rosa têm destino pior. Os machos são mutilados ao serem capturados e morrem em seguida. Já as fêmeas, não é incomum, são feitas de mulher de pescador. Servem por dias ao apetite estranho dos homens, ficando até com borbulhas na pele por conta do sol. Já foram vistas tentando proteger seus filhotes nessa situação.
Do pescoço, o sangue jorrou no barco como num garrafão de vinho, abundante e quente, formando um rio vermelho no corpo rosa do boto. Quem desligou o ar??? Pensou o boto em golfinês. O tucuxi e a “botinha” estavam com o coração em pedaços.
– Boto safado! – disse o pai, enquanto cortava o sexo do golfinho, o colocando com cuidado numa caixa. Deu um suspiro… – Lindalva, minha filha, está vingada.
Os pescadores cortam as partes mais vantajosas. O sexo vale bom dinheiro como poções no comércio de sedução. A carne serve de isca para pescar o piracatinga. Peixe mais nobre, alcança bons preços em Bogotá, Colômbia, irrigando a economia amazonense empobrecida. Bem que podiam usar a carne de porco, dizem, mas não arredam pé do boto. “Ele é safado.”
“Foi numa boa hora. Já era tempo de voltar”, pensou o boto em golfinês, mergulhar no oceano céu. Rever os primos golfinhos do pré-colombiano. Afinal, viveu muito, deu até onde deu. Quis dar o rosa do amor ao homem, mas o pobre não entendeu. Nunca reagiu aos tapas que recebeu, e não o faria agora. Suspira uma vez mais e mergulha no azul afora.
Abatida a presa, os pescadores manobram o barco. O dia tinha sido difícil. Tiveram de lavar a honra da única menina da família. Agora tudo estava em pratos limpos. Já podiam pescar sossegados. Tinham isca de boto suficiente para uma boa pescaria, talvez comessem carne de porco no domingo.
O olho do boto também vira amuleto da sorte sexual. Os botos, sobre isso, pensavam que a humanidade enlouqueceu de vez. Sempre se ferraram com os homens! Por que acham que ele daria sorte?!
A “botinha” linda e o tucuxi resolveram zarpar. Já não dava pra ajudar o amigo. Vazavam dali, quando a “botinha” viu uma cobra vermelha sair debaixo do barco. Como que puxando um cordão, veio o boto. Vivinho da silva! E rosado como sempre. Outro boto foi no lugar dele. Eles se alegram! Com a nadadeira ainda ferida pelos espinhos, e sangrando, o boto chama os amigos, que fogem, submersos, para a floresta alagada.
Bem longe dali, Lindalva tirou as roupas e entrou no rio. Atrás dela veio o vizinho, que não trazia nenhum dos seus cinco filhos. – Vem cá pro seu botão minha oncinha.
Botos são sedutores pelo sorriso doce. Sempre tentando interagir com as pessoas. Brincalhões, aquecem os corações. Além de tudo devoram as piranhas (a dos rios), dando mais segurança aos viajantes de canoa. Difícil entender como despertaram o desejo dos humanos, que os vilipendia e sacrifica por suas próprias perversões.
– Antes, bebe isso aqui – falou a menina fogosa, mostrando um vidrinho cintilante que roçava entre os seios. – É xarope das coisas do boto, riu, pensando que aquilo atiçaria fogo no bailado do amor.
Dando uma rabada no tucuxi, que o mandou pro meio das folhagens, o boto cor-de-rosa agora salta com vigor pelas águas atrás da “botinha” linda. Começa um magnífico bailado de sedução, prometendo novas vidas à floresta.
Todo esse contexto está levando o boto-cor-de-rosa à beira da extinção. A população de botos é calculada em uns 13 mil indivíduos. Cuidado ao comprar um perfume ou algum produto de boto cor-de-rosa pela internet. Sem saber, você pode contribuir com extermínio do golfinho do Amazonas.
– Dá’qui esse purgante, oncinha! É hoje que a jurupóca vai piar!
A fiscalização adequada, legislação e conscientização são páginas de um livro real a ser testificado pela sociedade sobre a existência do boto cor-de-rosa. Se algo escrito feliz, não dá para saber. Tome a pena, quem sabe o ajude escrever.
No coração do Amazonas, na solidão da mata mal fechada, os botos botam fogo no amor.
Nos braços da sociedade, a lenda do boto cor-de-rosa penetra na realidade, come, cospe, fecunda, distorce. De um lado a sorte, do outro a morte.
– Boto safadooo… cantou a moça, em mi menor, agudo como o efeito placebo.
Sonho, alegria, explosão. O boto cor-de-rosa vivia um final feliz, como chafariz!!!
– Olha lá, Chiquinha, o boto coisando!
– Boto safado!
* Mônica Martins é jornalista e cronista.