Opinião

Canto e dança libertadores 

 Por Leno F. Silva*

Assistir ao musical “Voz Própria”, na Penitenciária Feminina da Cidade de São Paulo, foi uma experiência emocionante, que jamais esquecerei.

Fruto da parceria entre a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP e a Penitenciária Feminina da Capital, o projeto do Coral USP dirigido por Carmina Juarez, reúne reeducandas de diferentes nacionalidades para interpretar canções Zulu, americana e brasileira.

Na capela adaptada para sala de espetáculo, as trinta cantoras tiveram a oportunidade de mostrar seus talentos em vozes, coros e danças.

Com um repertório eclético tanto quanto as histórias de vida de cada uma, por cerca de 1h30 a plateia – composta por amigos, familiares e funcionários -, teve a possibilidade de apreciar as belezas das interpretações.

 

Com o microfone nas mãos e as vozes conectadas diretamente aos corações, as reeducandas, enquanto cantavam e dançavam, exercitavam ser livres, mesmo vivendo em um regime prisional fechado.

Tomei contato com esse projeto desde o início, e sei do profundo respeito e da confiança estabelecidos entre todos os participantes nesses dois anos de vivências e de relacionamentos vida a vida, sem qualquer tipo de julgamento, utilizando a música e a dança como mecanismos para acessar e fazer aflorar as humanidades de cada pessoa.

Que bom que um documentário está sendo produzido. Assim a riqueza dessa vivência poderá alcançar outros ares e levar as vozes dessas mulheres para distintos espaços e, quiçá, para o mundo inteiro. Por aqui, fico. Até a próxima.

Ficha técnica:

Voz Própria

Reeducandas, Trinta Mulheres –Cantoras

Piano e violão: Thomas Muciacito

Percussão: Claudio Martins

Cenegrofia: Juliana Rizzo e Carmina Juarez

Figurino: Juliana Rizzo

Produção: Lu Gallo

Direção geral: Carmina Juarez

(#Envolverde)

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.