Por Robert Friesen* –
A pandemia do coronavírus trouxe inúmeros desafios para as empresas e promoveu transformações relevantes nos mais diversos segmentos da economia brasileira. No setor de papel e embalagem não foi diferente. A mudança de comportamento da população que, devido ao isolamento social encontrou-se impossibilitada de sair de casa, gerou um aumento significativo no hábito de consumo online, o que levou ao crescimento das plataformas e-commerce e delivery, meios que utilizam grande volume de embalagens de papel e papelão para compras e transporte dos produtos.
Além de gerar um esforço desmedido das indústrias de papel e embalagens para atender a alta demanda, no período, esse aumento também ressaltou uma antiga preocupação do setor: a sustentabilidade. Em uma sociedade cada vez mais exigente, os consumidores mostram-se também, mais conscientes e preocupados com os impactos ambientais das suas atitudes e das suas escolhas. Neste contexto, as empresas do setor têm tido uma oportunidade e protagonismo importante ao trazer ao mercado embalagens sustentáveis, recicláveis e biodegradáveis.
Todos os dias no Brasil são plantados, em média, o equivalente a cerca de 500 campos de futebol de árvores para a produção de papel e outros produtos derivados, segundo levantamento feito pela Indústria Brasileira de Árvores. Ainda de acordo com a IBÁ, o Brasil tem 7,8 milhões de hectares de florestas plantadas e as indústrias que utilizam esses recursos, conservam 5,6 milhões de hectares de matas naturais, por meio de práticas de manejo sustentáveis, preservando a diversidade biológica e gerando impactos socioeconômicos positivos.
Nesse sentido, a todo instante estratégias são criadas e redefinidas pelas companhias para que a busca por produtos mais modernos atenda as novas demandas de consumo. E com a inovação e a utilização de tecnologia de ponta, é possível garantir agilidade e eficiência na produção, elevar a qualidade dos produtos, bem como ampliar a oferta de soluções no mercado, cada vez mais resistentes e com custos atrativos. Também permitem que as indústrias encontrem entregas responsáveis do ponto de vista da sustentabilidade, com a utilização cada vez maior de materiais e insumos de origem biodegradável no processo de produção, por meio da reciclagem para uso como matéria-prima de lançamentos e novidades.
De acordo com estudo realizado pela Empapel, o Brasil figura entre os principais países recicladores do mundo em embalagens de papel e papelão ondulado, com uma taxa de recuperação de 87%. A pesquisa aponta ainda, que, a matéria-prima presente nos produtos, permite uma taxa de reciclabilidade em torno de 70,3% para o papel e 77,3% para o papelão reciclado. Ou seja, além de colaborar com o meio ambiente, a utilização de tecnologia se tornou uma grande aliada do setor na otimização da produção, contribuindo com a qualidade e ampliação das soluções, e permitindo um maior reaproveitamento do papel e da embalagem, ao gerar uma nova cadeia de valor.
Atualmente, pesquisas vêm sendo intensificadas pelo setor para a produção de novos papéis e embalagens sustentáveis, e para o aprimoramento daqueles já existentes. Entre as principais linhas de estudo nas indústrias de papel e embalagem está o desenvolvimento de novas barreiras eficientes contra água, vapor, odor e óleo, entre outras, a fim de ampliar o uso do papel para embalagem no mercado.
Outro avanço importante que está sendo possível a partir do uso da tecnologia é na criação de alternativas mais seguras para os consumidores. Investimentos realizados recentemente pelo setor, especialmente durante a pandemia, momento em que os cuidados com a higiene e saúde se fizeram ainda mais necessários, levaram ao surgimento de produtos inovadores como a linha antimicrobiana de papel para embalagens sustentáveis, que garante a proteção aos consumidores contra a transmissão de fungos, bactérias e vírus, inclusive da Covid-19.
Este novo produto segue uma das principais tendências do setor, que é o uso de nanopartículas no papel e nas embalagens sustentáveis, e possui grande potencial no mercado. Neste caso, para a obtenção das linhas antimicrobianas, são usados componentes atóxicos com íons de prata na composição dos materiais durante a sua fabricação. Dessa maneira, cria-se uma barreira de proteção que permite inativar fungos, bactérias e vírus da superfície, garantindo assim mais higiene, saúde e proteção aos produtos que acomoda e às pessoas que manuseiam os produtos.
Tais cuidados reforçam a importância da realização de investimentos e da utilização de novas tecnologias pelas indústrias de papel e embalagem, que se tornaram uma das protagonistas no atual momento da economia brasileira. E ainda permitem que os desafios sejam superados, e os negócios das empresas e de seus clientes, bem como toda a cadeia produtiva, se tornem cada vez mais sustentáveis, agregando valor às marcas e contribuindo não apenas com os resultados financeiros, mas também, e principalmente, com o meio ambiente e com a sociedade em geral.
*Formado em Engenharia Ambiental pela Universidade de Contestado e pós-graduado em Celulose e Papel pela Universidade Federal de Viçosa, Robert Friesen atua no setor desde 1997. Iniciou sua jornada na Irani Papel e Embalagem S.A. em 2003, tendo ocupado os cargos de supervisor e coordenador de Produção de Celulose, gerente de P&D Industrial, e Produção de Papel e Celulose. Desde 2019, exerce a função de Gerente de Celulose, Engenharia de Processos, Expedição e Pesquisa, Desenvolvimento e Qualidade na companhia catarinense.
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