Por Dal Marcondes, da Envolverde –

Nesta quarta-feira 5 de maio fui dormir com uma desagradável sensação de impotência. Assisti atônito a coletiva dos 7 ex-ministros do meio ambiente transmitida pela internet, pude ver as expressões de pessoas públicas que dedicam a vida à formulação de políticas de gestão ambiental local, nacional e global. Gente que conheço pessoalmente por dever de ofício e que reputo honrada. Assisti na tela do computador as expressões sérias dos colega jornalistas que ainda tentavam formular perguntas diante de um cenário sem respostas fáceis. Por fim um comunicado de desalento que em diagnóstico aponta para o desmanche de mais de 30 anos de políticas ambientais construídas por governos dos mais diversos matizes ideológicos, mas que tinham como foco o papel do Brasil como país megadiverso e protagonista de políticas globais de preservação.

Pouco depois, desse espetáculo de cidadania, encerrado com lucidez pela ex-ministra Izabella Teixeira, assisti pela TV a cena de homens brancos felizes fazendo sinal de armas com os dedos enquanto o presidente da República anunciava um decreto liberando o porte de armas para diversas categorias de profissionais, entre elas políticos e caminhoneiros.  De imediato fiquei imaginando como serão os debates nas Câmaras municipais dos mais de 5,6 mil municípios brasileiros. E se no próximo aumento do diesel não teremos piquetes de motoristas legalmente armados.

Mas o que realmente derrubou meu proverbial otimismo foi imaginar que agora, ao andar pela rua, a pé ou de carro, posso encontrar pela frente pessoas que por um motivo ou outro estejam de mal com a vida e podem sacar de uma arma por um esbarrão no ombro ou no para-lamas do carro. Isso já seria suficiente. Mas não foi, havia ainda mais: programas de mestrado e doutorado em todo o país perderam suas bolsas de estudos da CAPES, isso depois de cortes lineares na manutenção de escolas e universidades. Sobrou até para o Exército, que segundo uma facção do governo não estaria submisso ao desmonte do país.

Pouco antes de dormir leio em um post na internet, publicado por pessoa conhecida em 6 de maio, uma notícia velha. Que uma desembargadora acusava Marielle de ligações com bandidos do comando vermelho.  Dei-me ao trabalho de responder, inclusive mostrando uma notícia de fonte confiável, onde a juíza se desmentia dizendo que não tinha provas, apenas irresponsavelmente replicara uma mensagem de uma amiga. Achei que seria suficiente quando veio a contraofensiva: “Não importa, é no que eu acredito”.

Por fim, em um despudorado contra-ataque o atual ministro do que sobrou no meio ambiente se defendeu chamando todos os seus antecessores de incompetentes. Estou quase torcendo para que a terra seja de fato plana para que eu possa caminhar até a borda e saltar no vazio existencial que assola os eleitores brasileiros!

(#Envolverde)